Feira do Babaçu

Em prosa e verso, no artesanato, na dança, na pesquisa, a vida de quem tem no coco babaçu o seu principal sustento foi destaque na II Feira do Babaçu, realizada nessa quarta-feira, 15, na Escola Estadual Raimundo Nonato Leite, no povoado Olho-d’água do Coco, município de Sítio Novo.  O babaçu é fonte de vida, renda e a raiz da história da comunidade rural onde a unidade de ensino está inserida.

A iniciativa integra o projeto “Dona Raimunda do Coco – uma palmeira em nossas vidas” que se consolidou a partir de 2019, quando foi contemplado no Edital da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (Proex) de Premiação de atividades de Arte e Cultura em homenagem à “Dona Raimunda Quebradeira de Coco”, da Universidade Federal do Tocantins (UFT).

De acordo com o coordenador do projeto, o professor Milton Teixeira Santos Filho, a iniciativa foca no contexto social do próprio estudante. “Olhando para a sua própria realidade, os estudantes constroem uma consciência crítica em relação ao espaço em que estão inseridos, seja em uma perspectiva da sustentabilidade ambiental, da transformação social e da valorização cultural”, destacou.

A professora Kayla Pachêco frisou que o embrião do projeto começou em 2017, quando foi resgatado o grupo folclórico da dança do coco e, ao longo dos anos, tem contemplado diversas atividades. “Em 2018, realizamos a I Feira do Babaçu, que foi em homenagem ao Pe. Josimo Tavares, em 2019, os alunos lançaram um livro de poesia em homenagem à Dona Raimunda Quebradeira de Coco”, apontou.

O projeto também contempla pesquisas sobre diversos aspectos da realidade local. Neste ano, a abordagem foi voltada para a rentabilidade do babaçu, a expectativa desse levantamento é fazer um comparativo com a criação de gado, sendo que a criação desses animais reflete diretamente na produção do babaçu, que é a base da economia local.

Revelando a importância do babaçu para os moradores do povoado Olho-d’água do Coco, a pesquisa realizada pelos estudantes contou com a participação de 25 entrevistados, desses, apenas 5 exercem outra atividade econômica, que não é ligada ao coco, mas relacionada com a vida no campo: agricultura familiar, trabalho doméstico, produção de carvão e venda ambulante.

Feira do Babaçu

O resultado do trabalho dos estudantes foi apresentado na II Feira do Babaçu. Houve declamação de poemas do livro “Raimunda do Coco – uma palmeira em nossas vidas”, encenação teatral sobre a vida das quebradeiras de coco, apresentação de dados sobre as possibilidades econômicas do babaçu e discussões sobre o poder do trabalho coletivo. O evento também contou com a participação de lideranças locais, que participaram das discussões.

O estudante da 2ª série do ensino médio, Marrone Barros Silva Dias, 18 anos, é neto de quebradeiras de coco, para ele o momento ajuda a reconhecer a importância dessas profissionais. “É um resgate da cultura, que antes era muito forte e que hoje é pouco valorizada. Cresci acompanhando minhas avós catando coco, vendo as reuniões de mulheres, as cantorias. E esse projeto ajuda a resgatar essa cultura, principalmente por meio do grupo de dança. É uma forma de fazer com que os jovens valorizem essas profissionais”, destacou. (Cláudio Paixão)

Feira do Babaçu
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