Foto: TV Anhanguera Reprodução
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O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), em São Félix do Xingu (PA), instaurou um inquérito nesta quinta-feira, 10, para investigar a participação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), preso desde o dia 26 de setembro, como mandante nos casos de homicídios, torturas, sequestros e cárcere privado ocorridos em 2013 na Fazenda Ouro Verde, localizada na mesma cidade. O MPPA requer a Procuradoria da República no Tocantins (PR/TO) a cópia integral da delação premiada de Alexandre Fleury Jardim, que relatou os casos.

Miranda acabou preso em Brasília na Operação 12º Trabalho deflagrada pela Polícia Federal (PF). A ação policial também prendeu seu pai, Brito Miranda, solto após fiança de quase R$ 200 mil, e seu irmão, Brito Júnior, que está preso na Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP) de Palmas. A família Miranda é investigada por manter um sofisticado esquema de corrupção que envolve ainda crimes como apropriação de bens públicos, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais com prejuízos estimados em mais de R$ 300 milhões.

A informação chegou até as autoridades após a delação premiada de um ‘laranja’ da Família Miranda, agropecuarista Alexandre Fleury Jardim, que fez acordo com a Justiça e prestou seu último depoimento no Ministério Público Federal (MPF) em março de 2019. Nele, o delator confirmou todas as delações anteriores, feitas em 2016, quando rompeu com o grupo político, de quem era aliado.

Conforme o depoimento da delação de Fleury, citado por pelo juiz federal João Paulo Abe, os assassinatos ocorreram entre 23 e 24 de junho de 2013 nas imediações e na própria fazenda, que estava no nome de Fleury, mas que na verdade pertenciam ao ex-governador, seu pai e ao irmão. Na data, três homens que teriam sido confundidos com funcionários do delator acabaram mortos em uma troca de tiros, que envolveu policiais militares do Pará. Segundo o documento, os militares do Pará eram recrutados pela família para atuarem como segurança da fazenda, que era alvo de disputa judicial entre Fleury e os Mirandas, em processo vencido pela família do ex-governador.

Na declaração consta ainda que dois dos vitimados morreram na fazenda e “um terceiro funcionário está desaparecido até hoje, nunca tendo sido o corpo encontrado, e dois outros foram encarcerados e torturados e somente liberados após ação de familiares”.

Os mortos na ação, identificados como Warlyson Gomes de Sousa, Nerivan Nava Fontineli e Igor Lázaro Alves de Sousa, e os funcionários mantidos em cárcere privado e torturados em busca de informações foram Francisco Neto Pereira da Silva e Luciano Ferreira Lima.

As ações teriam acontecido por ordem da família Miranda já que nessa época, conforme a delação de Fleury, ela já tinha rompido as relações com a Família Miranda. Além disso, conforme aos autos na sentença, o deslocamento dos policiais militares, que não teriam sido acionados “formalmente”, até as imediações da Fazenda Ouro Verde ocorreu com aeronave particular, um avião King Air, branco e azul, disponibilizado pelos mirandas.

Contudo, “as investigações revelaram que os homens assassinados ou torturados, em verdade, haviam sido contratados por Alexandre Fleury para tomar posse da Fazenda, ocasião em que estiveram na Fazenda Ouro Verde na semana anterior à sua morte, quando foram expulsos do local por policiais militares que haviam chegado em uma aeronave para fazer a guarda do local”, afirma a decisão.

Nas alegações do Ministério Público Federal (MPF-TO) à Justiça Federal, é certo que a família Miranda teria utilizado seu poder político e econômico para que a Polícia Militar do Pará providenciasse a segurança privada da fazenda. (JTO)

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