Valcy Ribeiro

Cada dia que passa as eleições se aproximam e é muito importante falar sobre o assunto, até porquê quem não se interessar, muito em breve será governado por quem se interessa. Por isso, nestas breves linhas vamos perquirir se realmente precisamos de mais políticos?

A título de conhecimento você sabia que em janeiro de 2018, o Brasil contava com cerca de 452.801 médicos, o que dá uma razão de 2,18 médicos por mil habitantes, e que 55,1% deste quantitativo estão concentrados nas capitais, ou seja, mais da metade dos registros de médicos em atividade se concentra nas capitais, onde mora menos de um quarto da população do País. E você sabia que em 2017 o número de professores no Brasil passava de 2,5 milhões, segundo censos educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), desse universo, 340 mil professores estavam atuando. Atualmente, houve pouca mudança nestes números.

Talvez você esteja se perguntando o que tem haver estes números com o tema deste breve comentário? Você já vai entender. Pois bem, vamos direto ao ponto. Você sabe quantos políticos eleitos existem no Brasil inteiro? É um número razoavelmente grande. Temos aproximadamente 70 mil políticos eleitos entre: presidente, senadores, governadores, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, incluindo os vices, que são eleitos na chapa e têm direito a salário e assessores. Além desses, é preciso computar gastos com ministros, secretários estaduais e municipais, suplentes de parlamentares, motoristas, seguranças.

Do cotejo dos números acima, voltaremos novamente ao ponto de partida e chegaremos a mesma pergunta, precisamos de mais políticos ou de mais médicos e professores? Não precisa de muito esforço para responder esta questiúncula. Logicamente não se está aqui questionando a importância de cada uma destas funções/profissões, tão pouco se está dizendo ser esta ou aquela mais importante, apenas se perquirindo se o quantitativo de cada uma delas é ou não suficiente para atender as demandas da sociedade.

Tomando por base um caso concreto que está ocorrendo em Palmas – TO, mais do que nunca esta pergunta deve ser feita, haja vista que está em discussão aumentar o quantitativo de parlamentares na Câmara de Vereadores que passaria de 19 para 21 vagas, toda essa discussão acontece em meio a uma pandemia que está dizimando vidas e afeta drasticamente a economia local. Daí surge outra pergunta, qual seria o interesse público nesta medida? Vale ressaltar que alguns dos vereadores já se manifestaram contra este projeto e outros a favor.

Quem defende diz que há previsão constitucional, não haveria aumento de gastos públicos e aumentaria a representatividade popular. Na linha inversa, tem quem defenda que esta medida visa aumentar as chances de salvaguardar o mandato daqueles que se sentem ameaçados pela concorrência e por desgastes advindos no mandato. Particularmente sou mais afeto a segunda corrente.

Enfim, pensar sobre este assunto é de grande relevância, pois sabemos bem que o momento é de extrema comoção social, milhares de pessoas estão morrendo e outras milhões estão ficando desempregadas devido ao fechamento de empresas, por isso que ao meu ver entre os muitos assuntos a serem discutidos atualmente o de menos importância seria aumentar o quantitativo de vagas na Câmara Municipal de uma cidade, por exemplo.

Em conclusão, a classe política exerce papel de grande relevância no seio da sociedade, são representantes eleitos pelo povo e isto ninguém discute. Todavia é preciso sensibilidade e bom senso de quem tem a oportunidade de exercer tal papel. Destarte, nem de longe é hora de falar em aumentar o número de parlamentares, se for para aumentar que se aumente os leitos hospitalares e os salários dos profissionais da saúde que estão arriscando as próprias vidas para salvar as dos outros. Precisamos sim de menos políticos e mais políticas públicas em benefício da sociedade.

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