Crédito: Moisés Muálem

No mês de março, foram desmatados 132 km2 no Tocantins, de acordo com os dados do Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o maior valor já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 2019. Foi um aumento de 127% em comparação a março de 2023, quando foram devastados 58 km2.

Com isso, já são 408 km2 desmatados em 2024 no estado – a pior marca já registrada no primeiro trimestre. Um aumento de 150%, em comparação aos 163 km2 destruídos entre janeiro e março de 2024.
Olhando para o acumulado do ano DETER, desde agosto de 2023, o estado perdeu 1.106 km2, um aumento de 222% em relação ao mesmo período do ano anterior (343 km2), o que coloca o Tocantins como líder do desmatamento no Cerrado desde a última medição do PRODES.

“A destruição do Cerrado é preocupante pois ameaça gravemente a produção agrícola, importante setor de crescimento econômico do país, mas além disso, coloca em risco a segurança hídrica. Sem florestas, o regime de chuvas é alterado, impactando as lavouras, e os pequenos produtores, a geração de energia e claro, os preços dos alimentos”, enfatiza Ana Crisostomo, especialista em Conservação do WWF-Brasil.

Em janeiro e fevereiro de 2024, o Tocantins também já havia registrado aumentos pronunciados do desmatamento em relação aos mesmos meses no ano passado. De 2023 para 2024, os índices subiram de 37 km2 para 118 km2 em janeiro e de 67 km2 para 158 km2 em fevereiro.

Alerta no Cerrado

Nesse período, o Tocantins aumentou sua contribuição para a devastação do Cerrado. Em 2024, assim como ocorreu no estado, o bioma também teve seus maiores índices de desmatamento para o mês de março e para o acumulado do primeiro trimestre – mesmo com uma redução considerável na Bahia, que havia liderado a destruição no primeiro trimestre de 2023.
No primeiro trimestre de 2024, foram desmatados 1.475 km2 em todo o Cerrado, contra 1.417 km2 no mesmo período em 2023. Embora seja um aumento pequeno, ele indica que 2024 poderá terminar com números ainda piores que os de 2023, quando o bioma teve o maior desmatamento já registrado.

Nos 12 meses de 2023, o sistema Deter registrou 7.848 km2 sob alerta de desmatamento em todo o Cerrado – o recorde desde o início do monitoramento do bioma em 2019. No Cerrado, historicamente, as maiores taxas de desmatamento se concentram entre o início de abril e meados de junho, segundo os dados do Inpe.

Dos 1.475 km2 desmatados no Cerrado no primeiro trimestre de 2024, a maior parte se concentra no Tocantins (408 km2) e no Maranhão (403 km2), seguidos pelo Piauí (190 km2) e a Bahia (164 km2).
A especialista salienta que boa parte do Cerrado já foi perdida para a produção agrícola. “Notadamente, a vegetação nativa tem sido suprimida pelo agronegócio. Ainda em 2022, o Mapbiomas indicava que as atividades agropecuárias ocupavam a metade do bioma. Essa área sofre com uma legislação frágil, que facilita a abertura de novas áreas. É urgente implementar ferramentas efetivas de proteção ambiental e por outro lado manter uma agenda de produção sustentável através do redirecionamento de incentivos para boas práticas”, afirma.

Em todo o Cerrado, foram desmatados 524 kmem março. É o pior número já registrado para o mês. O recorde anterior havia sido em março de 2022, quando foram destruídos 516 km2. Em março de 2023 foram 423 km2.

Sobre o WWF-Brasil

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