Após quase cinco dias de bloqueio, manifestantes desocuparam a Rodovia Transamazônica (BR-230), ao pé da ponte do Rio Araguaia, na divisa entre o Pará e o Tocantins, no início da tarde desta quarta-feira (26). Representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) estiveram no local, acompanhados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e se comprometeram a asfaltar em alguns meses os 12 quilômetros da rodovia que ainda são de estrada de chão.

De acordo com João Batista Silva, morador da Vila Posto Jarbas Passarinho, os representantes do órgão prometeram que em cinco meses o asfalto estará feito. Caso isso não ocorra, continuou, os moradores irão realizar uma manifestação ainda maior e só remover o bloqueio após o asfalto ser colocado. Eles reclamam que há vários anos aguardam a obra, que já foi prometida em diversas ocasiões, e que cansaram de esperar.  Já o DNIT afirma que foi repassado aos manifestantes o cronograma “previsto” para a obra.

“A situação aqui é difícil porque são apenas 12 quilômetros de terra que eles não fazem. A gente sofre com a grande quantidade de poeira no verão. No período chuvoso vira um lamaçal e os carros ficam querendo deslizar barranco abaixo. É perigoso!”, declarou.

Para Márcio Farias dos Santos, morador da Vila Posto Jarbas Passarinho, diz que população é a que mais sofre diante da situação por viver às margens da rodovia. “Há muito tempo estamos pretendendo resolver de maneira fácil essa questão. Tem 30 anos que, no papel, esse asfalto estaria colocado. Com promessa não se resolve nada, por isso estamos fazendo o protesto”. disse.

Além dos residentes na vila, participaram da mobilização comunidades que vivem em áreas próximas e moradores dos municípios Brejo Grande do Araguaia e Palestina do Pará, localizados próximos ao local. “O que mais atrapalha aqui é a poeira, é que mais afeta a população, isso vem causando vários problemas de saúde, principalmente nas crianças e idosos. Várias pessoas já saíram dessa localidade com problemas no pulmão”, comentou.

Irritação

O bloqueio irritou motoristas de caminhão que permaneceram vários dias parados do outro lado da ponte, no Tocantins. Um grupo contrário ao protesto, condenou o fato de os manifestantes não estarem deixando os veículos passarem nem em intervalos alternados de tempo.

Hélio Sebastião Aparecido, por exemplo, estava indo fazer uma entrega na Mina Salobo quando se deparou com o bloqueio e decidiu retornar para Esperantina. “Eu acho isso uma pouca vergonha, meu caminhão foi feito pra andar em estrada de chão, não só pra asfalto, pode beneficiar outras pessoas, mas para nós só vai prejudicar. Não tem benefício nenhum”, afirmou, acrescentando que a entrega teria que ser reagendada, o que demoraria mais 10 dias.

Ronaldo Vieira Ruivo chegou na manhã de domingo vindo de São Paulo, carregado de verduras, e na terça já estava impaciente porque não conseguiu fazer a entrega da mercadoria que começava a se estragar. “É um prejuízo e ninguém resolve nada, já liguei pra PRF três vezes e dizem que não podem fazer nada, então quem pode? A turma fala que tem um desvio, mas se chove não tem como passar, como faz? Se voltar pra trás fica com mais de R$ 1 mil de prejuízo e quem arca com isso é o motorista”.

Negociação

O engenheiro Jairo Rabelo, chefe da unidade do DNIT em Marabá, informou que foi ao local acompanhado do coordenador de Engenharia de Belém, Eurival Cunha, e após a reunião a estrada foi liberada. “Informamos quais os ritos da licitação, não fizemos nenhuma promessa, esclarecemos os fatos e que não tem como entrar a máquina de imediato porque precisa do contrato específico”, informou.

Como já havia adiantado ao CORREIO na última semana, o engenheiro explicou que o anteprojeto deverá estar finalizado até dezembro e em janeiro deverá ser aberta a licitação. Acredita-se que esse processo seja concluído até abril e assim que o período de chuva terminar o trecho deverá ser asfaltado. (Luciana Marschall)

 

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