Pesquisa da Univates apoiada pela BRF identifica 109 mutações em genomas do vírus Sars-CoV-2 / Foto: Divulgação

A Universidade do Vale do Taquari – Univates, de Lajeado (RS),  analisou 627 sequenciamentos genômicos do Sars-CoV-2 recolhidos a partir de amostras em diferentes regiões do País. No estudo, a equipe identificou 109 mutações no vírus, que não significam novas variantes da doença, mas é uma descoberta importante para a melhor compreensão sobre o comportamento do Sars-CoV-2.

O estudo também fornece suporte para um melhor entendimento sobre a eficácia das vacinas, perseguindo o objetivo de identificar compostos que possam ser utilizados para o enfrentamento da pandemia. Também busca por compostos que possam inibir a replicação viral.

Os resultados dessa primeira fase da pesquisa foram compartilhados em uma plataforma à disposição de pesquisadores de todo o mundo para ajudá-los na busca coletiva pela cura e submetidos a uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo, a Scientific Reports, do grupo Nature. A equipe é formada por seis pesquisadores, entre professores e alunos da Univates, dos quais uma bolsista de doutorado e uma pós-doutoranda. O professor Luís Fernando Saraiva Macedo Timmers, doutor em Biologia Celular e Molecular, coordenou a análise das mutações nos genomas, realizada de junho a dezembro do ano passado. Os dados para este estudo foram obtidos por meio do banco de dados público GISAID, da Alemanha, que inclui amostras recolhidas no Brasil e sequenciadas em um trabalho colaborativo envolvendo cientistas de todo o mundo.

Para avaliar a presença de mutações no genoma de Sars-CoV-2, os pesquisadores da Univates combinaram técnicas computacionais como a bioinformática estrutural e a genômica comparativa, com o objetivo de demonstrar quais são e onde, na estrutura do vírus, estão as mutações prevalentes. O estudo é destacado pela Univates como uma expansão no conhecimento sobre a interação do vírus da Covid-19 com o organismo humano.

“Nós concluímos a parte computacional e agora estamos iniciando a parte experimental”, explica Timmers, acrescentando que, com base nas descobertas desse trabalho, a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) Débora Bublitz Anton concentrará a pesquisa em uma das proteínas do vírus, a 3CLpro, em busca de potenciais inibidores. “A pesquisa contribui para a comunidade científica, ao mostrar as mutações presentes no vírus, suas localizações nas estruturas das proteínas virais, abrindo caminho para a busca de novos compostos no combate ao vírus. É também um sinal de alerta para a sociedade, pois reforça a percepção de que se trata de um vírus com alto risco de mutação. Por isso são importantes as medidas protetivas”, destaca o pesquisador. Esta etapa de desenvolvimento de novos fármacos contra o vírus Sars-CoV-2 é encabeçada pelos professores doutores Márcia Inês Goettert e João Antônio Pêgas Henriques, que coordenarão os testes de cultivo celular dos compostos mais promissores.

Os esforços contaram com a colaboração de mais seis instituições: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade de Tübingen (Alemanha).

Outras pesquisas

Esse não é o único projeto da Univates em desenvolvimento que utiliza recursos doados pela BRF.

Diagnóstico mais rápido e barato – Em um projeto sob o título Detecção do vírus da Síndrome Respiratória Corona Vírus-2 por Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier, a professora Daiane Heidrich, doutora em Medicina, procura um exame mais rápido e barato, e com menor impacto ambiental, para detectar o vírus pela saliva, em vez da secreção coletada do nariz e da garganta utilizada pelo RT-PCR. O objetivo é desenvolver uma tecnologia alternativa que possa ser utilizada pela população do Vale do Taquari, por meio do apoio e interesse das redes municipais de saúde, e mesmo fora da região onde se situa a Univates.

Ozônio para a desinfecção e sanitização – A diretora de Inovação e Sustentabilidade da Univates, professora Simone Stülp, doutora em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, coordena um projeto, em conjunto com uma startup instalada no Tecnovates, a Alvap, que investiga a adoção do ozônio para a desinfecção e sanitização. O manejo do ozônio, pela Alvap, é usado para a limpeza de frutas, purificação de água, principalmente na indústria e na agricultura. A professora Simone Stülp ressalta que o investimento da BRF para o Tecnovates é uma aproximação com o Hub de Inovação da BRF, conectado com as áreas prioritárias do Parque Tecnológico, e bem-vindo em área de extrema necessidade neste momento de emergência sanitária. O BrfHub é o braço de inovação aberta da BRF, que procura diariamente conectar a empresa com novos estudos e tecnologias.

A pesquisa foi realizada oito meses depois de a BRF doar R$ 100 mil à Universidade do Vale do Taquari – Univates.

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