Idosa disse que viu tiroreio em Miracema do Tocantins — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A dona de casa Maria do Carmo Paula, de 62 anos, perdeu o marido e dois filhos na sequência de crimes que aconteceu em Miracema do Tocantins após a morte do 2º sargento da Polícia Militar, Anamon Rodrigues de Sousa, de 38 anos. Ela disse que presenciou um tiroteio em casa na noite em que sete pessoas foram assassinadas na cidade – duas dentro de uma delegacia.

Um dos filhos mortos foi Valbiano Marinho da Silva, de 39 anos, principal suspeito de ter atirado no policial. Maria do Carmo contou uma versão diferente da polícia: a corporação informou que, quando os militares estavam na delegacia, receberam a informação de que Valbiano tinha sido morto a tiros dentro da casa da família. Não haveria informações sobre quem seria o autor ou os autores desse crime, e a PM disse que fez buscas na região, mas ninguém foi encontrado.

Já a idosa afirmou que teve a casa invadida pelos policiais, e que o homem foi morto na porta de casa e estava algemado quando foi assassinado. “O Valbiano a polícia matou ele na porta. Não entrou. Aí eles atiraram no Valbiano algemado. Mataram ele algemado! Aí minha menina deficiente falou, mataram meu irmão, e disseram entra para dentro, entra para dentro. E depressa tiram a algema”, disse Maria do Carmo.

Horas depois, seu marido, Manoel Soares da Silva, de 67 anos, e o outro filho, Edson Marinho da Silva, de 37 anos, foram mortos dentro da unidade policial por 15 homens encapuzados e armados.

Maria do Carmo conta que tinha acabado de chegar em casa após sair do hospital, onde foi medicada por conta de problemas nos rins.

“Tomei um banho e, quando eu deitei, escutei um tiro seco na hora do jornal. Meu velho estava assistindo o jornal. Aí, meu filho, o outro lá, escutou e veio para ver o que que era. Aí quando ele foi passando foi a hora que os policiais atiraram. E pegou na coxa do Edson. Mas até aí eu não sabia que era a polícia. Aí liguei pra polícia para vim socorrer, aí enrolaram e não apareceu”, disse Maria do Carmo.

Segundo Maria do Carmo, Valbiano, o suspeito de matar o policial, já tinha sido executado em casa. O marido Manoel e o filho Edson teriam sido levados para a delegacia após o tiroteio para prestar depoimento. Manoel era suspeito de ser dono da arma usada para matar o PM.

A idosa conta que a filha deficiente e as netas pequenas viram o homem sendo morto.

“As crianças viram? Viram. Era polícia demais. Deram tapa no Valbiano algemado. E ele foi até lá assim um pouco, uns dois metros e mandaram minha menina deficiente ‘entra para dentro entra para dentro’ que vai ter tiros, e aí já escutaram os tiros. Tiros demais”, disse Maria do Carmo.

Depois da morte de Valbiano, o marido e o outro filho da idosa foram mortos na delegacia. Após as mortes, a mulher pediu que seja feita justiça.

“Só o que eu quero justiça. Porque levaram meu marido para depor às 3 horas da madrugada e ficaram com ele lá até 7 horas, mas não perguntaram nada. Ficaram esperando os outros chegarem para matar”, disse Maria.

Horas depois da invasão na delegacia, outros três corpos foram encontrados na rua em Miracema com perfurações.

O Ministério Público do Tocantins informou que os promotores que atuam no grupo de controle externo da polícia e no grupo de combate as organizações criminosas vão acompanhar as investigações. O pedido foi feito pelo próprio procurador geral de justiça, Luciano Casaroti. (G1)

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