Em todo o Tocantins, culturalmente, a horticultura faz parte da economia e vida de produtores de pequeno, médio e grande porte. Em função dessas influências econômica e cultural, atualmente, o trabalho na horta está presente em um terço das 33 Unidades Penais, fazendo parte da rotina dos presos, agregando valor nutricional na alimentação, gerando renda, permitindo ao preso remição da pena pelo trabalho e assistencialismo com a doação dos alimentos produzidos a entidades de caridade.

O superintendente de Administração dos Sistemas Penitenciário e Prisional do Tocantins, Orleanes Alves, cita que a horta foi um primeiro estágio em muitas unidades para os projetos da política pública de trabalho e renda. “Hoje, após o Programa Novo Tempo, o Sistema Penal progrediu em várias frentes de trabalho e de capacitação para os presos e as hortas são sim um grande destaque em algumas unidades, pois além de gerarem trabalho e renda, refeições nutritivas, elas têm uma função terapêutica para as pessoas privadas de liberdade”, explicou.

Nutrição: Se alimentar do próprio trabalho

De acordo o gerente de Reintegração Social, Trabalho e Renda ao Preso e Egresso, Leandro Bezerra, a nutrição das unidades prisionais é favorecida naquelas que possuem hortas. “A horticultura é um instrumento que promove disciplina aos internos, por meio da ocupação produtiva e positiva, e que concede o benefício da remição na pena, contribuindo ainda para melhoria de suas refeições”, afirmou.

Para a gerente operacional da empresa cogestora da Unidade Penal de Palmas, Gisele Diogo, que é uma das responsáveis pela alimentação dos custodiados, com a horta os internos têm acesso a se alimentarem literalmente do fruto do trabalho de seus iguais, motivando a humanização do processo de alimentação, além de ser um alimento de muita qualidade. “A horta produz alimentos 100% orgânicos, sem adição de agrotóxicos, pesticidas e fertilizantes sintéticos, respeitando o ciclo natural das plantas e priorizando a diversificação de culturas. Essa diversificação possibilita que sejam servidos vegetais variados, oferecendo todos os nutrientes necessários para uma alimentação saudável”, completou a gerente.

Aprendizado e trabalho

O chefe da Unidade Penal de Barra da Grota, Paulo Freitas, ressalta a importância da horta para a remição da pena e para preparar o custodiado para o mercado de trabalho. “O trabalho na terra ocasiona outros benefícios para os presos, como a remição da pena (três dias de trabalho, diminui um da pena), e a garantia de aprendizado de uma profissão, qualificando-os para boas oportunidades no mercado de trabalho, após o cumprimento da pena”, disse.

Segundo o custodiado, A.R.B., a oportunidade de manejar na horta da unidade gera um amor pelo trabalho. “Aqui, pude perceber esse sentimento diferente pelo trabalho, a gente se sente útil.  Sou grato ao nosso gestor por essa confiança que nos dá a chance de ter contato com a natureza e dá uma oportunidade de um trabalho lá fora”, afirmou.

Destaque positivo

Um bom exemplo da atividade vem da Unidade Penal de Araguatins, na região do Bico do Papagaio. Numa área de 1.000 m², em um espaço cedido pela prefeitura, os internos produzem mais de 300 pés de alface mensais. A horta possui também cerca de 100 mudas de couve produzindo, dentre outros vegetais, como cebola e coentro.

O diretor da Unidade Penal, Heberson Vieira de Sousa, explicou o impacto gerado pela horticultura no ambiente carcerário. “Por meio da produção da nossa horta, conseguimos dinheiro para ampliar a unidade, além de garantir a remição por meio do trabalho prestado. A horta acaba se tornando uma ferramenta para ressocialização. Em nosso caso, ela é essencial no cotidiano da pessoa privada de liberdade”, contou o gestor.

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