Valcy Ribeiro
Valcy Ribeiro

As eleições para escolha do novo Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins acabaram, mas certamente deixará saudades. Um processo eleitoral que envolveu toda a classe da Advocacia, representado por três chapas, cada uma com a sua particularidade, encabeçadas por competentes Advogados, dos quais se sagrou vencedor o candidato Gedeon Pitaluga.

Embora os debates e propostas dos candidatos tenham relevância na escolha dos eleitores, outros fatores são de especial proeminência, como amizade, vida pregressa, capacidade técnica, entres outros. Mas nada falou tão alto nestas eleições, como à análise particular dos resultados obtidos pela atual gestão e os reflexos no exercício da Advocacia Tocantinense.

Em eleições partidárias é comum ouvir falar da força da máquina, nas classistas não é diferente, quem detém o mandato, admitindo-se ou não, possui maior vantagens sobre os demais candidatos, seja pelo destaque que a função ocupada oferece, seja pelo poder de adotar decisões e medidas que transmitam a sensação de que a manutenção da gestão é a melhor escolha. Neste cenário, para que haja uma ruptura do ciclo que garante a manutenção do poder, nada mais eficaz do que a insatisfação do eleitorado, aliado em boa medida, aos outros fatores antes comentados.

Neste sentido, nos últimos anos, a OAB/TO, com uma proposta de gestão de certo modo inovadora, se propôs ao enfrentamento de questões afetas ao interesse da coletividade, à exemplo da diversidade e defesa de minorias, assumindo um papel político institucional que não tinha como principal beneficiário o seu principal alvo, qual seja, o advogado, ainda que se admita que aquelas matérias sejam dignas de defesa.

Enquanto, de um lado, se ouviu falar de advogados com nome protestado por não conseguirem adimplir suas anuidades, muitos outros, pelo mesmo motivo, com receio de ver sua inscrição suspensa, de outro lado, se viu a classe política adentrar as portas do Palácio da Cidadania para comemorar uma aliança partidária com o representante de uma das instituições mais respeitadas no Brasil, sim, a Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins, fato que serviu somente para explicar o porquê das matérias até então estranhas na órbita da advocacia, digo em primeiro plano.

Como o sushi, um prato da culinária japonesa muito apreciado por grande quantidade de pessoas, mas para outras tantas o seu sabor pode não ser tão bem aceito, a política partidária, a miscelânea de cores e culturas defendidas no âmbito das defesas encampadas pela OAB/TO, também não caíram bem ao paladar do advogado que labuta no dia a dia para sobreviver da advocacia, esperando tão somente que suas prerrogativas fossem em primeiro plano defendidas.

Sim a defesa das prerrogativas do Advogado, a valorização da Advocacia Tocantinense, o advogado em primeiro plano, um sabor mais palatável, como nosso bom e apreciado chambari, prato típico da nossa região, nada de sofisticado, pelo contrário simples e saboroso, como o que se espera da nova gestão que se iniciará em 01 de janeiro de 2019, somente o necessário para que o advogado consiga ter a dignidade e boas condições para exercer seu ofício.

A OAB é do Advogado, este valorizado certamente refletirá na boa defesa de todas as outras matérias da sociedade. Todos podem se deliciar com o prato que melhor agradar o paladar, desde que respeitem a opinião dos outros, mas em matéria de defesa institucional no cardápio da Ordem, não há escolha, senão a defesa da Advocacia.

Valcy Ribeiro – Advogado em Palmas.

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