Antônia Márcia Alves da Silva, 38 anos, morreu neste fim de semana, na UTI do Hospital Geral de Palmas (HGP), após contrair uma bactéria, quando estava na unidade para a conclusão de um tratamento de hanseníase.
A paciente deu entrada na UTI do HGP, no dia 6 de julho. Durante os 40 dias de internação, a infecção hospitalar se agravou.
O marido, o comerciante Lindomar de Sena Vieira, diz que, nesse período, o remédio para o tratamento da infecção, o polimixina, faltou três vezes. Antônia ficou até cinco dias sem a medicação. “Os médicos falaram que ela não podia ficar um dia só sem essa medicação, a polimixina. Porque cada vez que parava, agravava porque as bactérias ficavam mais resistente ao remédio”, conta Vieira.
O comerciante procurou o Ministério Público Estadual, no dia 28 de julho, e no dia 6 de agosto, a Defensoria Pública do Tocantins entrou com uma ação judicial e foi determinado que o estado fornecesse o medicamento. Vieira conseguiu o remédio no Piauí e gastou mais de R$ 1 mil, mas o medicamento não chegou a ser usado.
“Não chegou a usar porque ela foi a óbito, domingo (18), às 10h40 da manhã porque não resistiu a infecção, que foi generalizada por falta do remédio. Tem que ter intervenção federal. Porque assim como eu perdi a minha esposa, muitas famílias vão perder e não tem volta. ”
A secretária estadual da Saúde, Vanda Paiva, afirma que a morte de Antônia será investigada. “Mas segundo os relatos, não foi ocasionada pela falta de polimixina”, diz, ressaltando que a falta de medicamento pode sim, agravar a situação: “nós fizemos de tudo para adquirir no prazo.”
A promotora Maria Natal de Carvalho diz que, em visita ao hospital, teve contato com o prontuário da paciente e que a médica, que estava no local, afirmou que Antônia ficou quatro dias sem o remédio [polimixina], mas que um outro foi repassado. “Mas esse [remédio] não foi o suficiente para combater a bactéria porque já estava forte, severa e que só era combatida com a polimixina.”
O Defensor Público do Estado, Arthur Luiz Pádua, afirma ainda que teve acesso a um exame médico feito pela paciente e constava que a única medicação adequada para ela era a polimixina. “Dizer que não foi por causa da polimixina, acho temerário, é preciso investigar. O que vimos no momento foi a falta da polimixina.”
A promotora diz que agora é preciso solicitar a abertura de inquérito policial para investigar a morte.
Medicamentos
O Defensor Público diz que, durante visita ao HGP, foi constatado que a farmácia do hospital solicitou que a Secretaria estadual de Saúde (Sesau) adquirisse 600 ampolas da polimixina e só foram entregues 100. “Assim como uma lista de medicamentos que nós tivemos acesso, a farmácia do hospital solicitava um número e uns foram entregues menos, outros mais.”
A secretária diz que foram disponibilizados 100 ampolas do remédio para a semana. “Foi o que conseguimos negociar com o fornecedor já que é um produto que está em falta no mercado e, também, na licitação ninguém forneceu proposta.” Ela diz ainda, que foi verificado com os médicos um outro medicamento, a polimixina E, que é importada. “Entramos em contato com o fornecedor e devem ser entregues seis mil ampolas que devem durar um período de dez meses.” (G1 Tocantins)