Valcy Ribeiro

Entre as muitas pautas de discussão atinente ao processo eleitora de 2020, umas das mais faladas sem dúvida alguma se refere à reeleição. Neste sentido, dando continuidade à série de comentários concernentes as próximas eleições, necessário uma reflexão breve, mas acurada, quanto aos candidatos que aspiram ser reconduzidos aos cargos que atualmente ocupam, seja no executivo ou legislativo municipal.

Ano após ano, ouvimos algumas especulações sobre quem será reeleito. Duas vertentes de pensamento são bem delineadas e se destacam nas rodas de conversa. Uma defende que o mandato impõe um grande desgaste advindo dos eventuais descumprimentos de acordos e promessas, afastamento das bases ou das bandeiras defendidas durante a campanha, e principalmente o distanciamento de seu eleitorado no decorrer dos 04 (quatro) anos de mandato. A outra corrente, na linha inversa, defende que o candidato à reeleição detém maiores condições de ser reeleito devido ao seu poderio econômico, estrutura de gabinete, contratos concedidos aos apoiadores e da própria exposição que o mandato lhe conferi durante o exercício do cargo político.

Ambas as linhas de pensamento, ao meu ver, possuem especial relevância, pois de fato o candidato detentor de mandato convive entre os ganhos de sua estrutura política e os desgastes que deve suportar por eventuais falhas cometidas no exercício do mesmo.
Algo salta aos olhos e chama muito a atenção, é que por mais que ajam apostas de que a reeleição seria uma pecha, porquanto se tem a ideia de que a sociedade clama por renovação na política, ao final do processo ocorre o inverso, pois vemos que a renovação, empiricamente falando (pode haver exceções), não chega a 40% (quarenta por cento) das vagas no legislativo, por exemplo. Ou seja, a maioria dos candidatos detentores de mandato acabam sendo reeleitos.

Chega até ser estranho, nos anos anteriores ao processo eleitoral o que se vê é muita reclamação e clamor por renovação, mas como em um passo de mágica, aqueles que outrora eram destinatários da insatisfação, logram êxito no seu projeto de reeleição, justamente com os votos daqueles que se diziam insatisfeitos. A guisa de exemplo cito o caso do legislativo de Palmas – TO, onde se tem casos de candidatos à reeleição pela terceira ou quarta vez, não deve ser muito diferente nos rincões deste País chamado Brasil.
Particularmente não sou contra ao instituto da reeleição. Necessário deixar claro que ao meu ver a reeleição deveria ser uma premiação ao bom candidato, aquele de fato trabalhou e atendeu aos interesses da sociedade, como reconhecimento e crédito ao bom trabalho exercido. Lado outro, independe te previsão legal, o mal candidato, entenda-se aquele que foi desidioso no exercício do mandato, não deveria gozar desta mesma sorte. De todo modo, quem decide é o eleitor, o qual, infelizmente e na maioria das vezes sequer lembra em quem votou nas últimas eleições.

Vale dizer que não seria necessária uma alteração legislativa para acabar com o instituto da reeleição, basta ao eleitor não mais votar naquele candidato que deixou de atender os anseios da população durante o seu mandato. Para isso é necessário maior interesse na política, o eleitor consciente não deve se interessar por política apenas em ano eleitoral e sim acompanhar o mandato de seu candidato e ao final ver se o mesmo é realmente digno ou não de ser novamente eleito.

Portanto, logicamente a reeleição só se concretiza se o eleitor votar novamente em um candidato detentor de mandato, por isso necessário informação e consciência, não adianta estar decepcionado com a política e depois conferir novo voto a quem lhe decepcionou. Por isso lembre em que você votou nas últimas eleições e veja se esse candidato ainda é digno da sua confiança. Não se esqueça disso, o poder de reeleger está em suas mãos.

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