Foto: Divulgação
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Em 2015, após chegar de uma viagem de trabalho, o servidor público Clerisvan Sousa, 33 anos, descobriu que sua motocicleta, que sempre deixava dentro do prédio onde trabalhava, havia sido roubada. Inconformado com a falta de segurança, a alternativa encontrada pelo funcionário público foi comprar uma nova moto, já que ele precisava do veículo para o dia a dia.

Algum tempo depois, ao ser informado que sua motocicleta tinha sido recuperada, a felicidade logo se tornou uma dor de cabeça, já que para reaver o veículo, Clerisvan precisaria aguardar o trabalho da perícia. Contudo, como a falta desse profissional é grande na Segurança Pública e as demandas nem sempre são atendidas rapidamente, devido ao déficit de profissionais, o servidor teve que esperar um bom tempo para que o caso fosse completamente solucionado.

“A parte da Polícia não foi tão demorada, porque é um procedimento, assinatura de papéis , documentos. O que demorou mesmo foi a perícia, por causa da falta de profissionais para fazer o laudo”, explica.

Segundo o vice-presidente do Sindicato de Peritos Oficiais do Estado do Tocantins (Sindiperito), Silvio Marinho Jaca, o trabalho da perícia é crucial no caso de veículos recuperados frutos de crime. De acordo com ele, o automóvel é apreendido quando há suspeita e levado para a perícia com a requisição da autoridade policial. A partir daí são feitos exames periciais de identificação veicular para verificar se houve adulteração de alguma numeração da moto ou carro, como chassi, número de motor, etiquetas e outras marcas de identificação.

“O perito geralmente chega à numeração de vidros do motor do chassi e coloca um produto químico específico para reagir sobre a área suspeita de ter sido raspada e remarcada. Esse componente revela no metal se houve adulteração ou não, em seguida o veículo é liberado para ser apreendido ou devolvido ao proprietário ou seguradora, por meio dos trâmites legais da delegacia de origem ou via judicial”, esclareceu.

Conforme o presidente, apenas oito profissionais (dois podem aposentar em outubro) fazem o trabalho na perícia de identificação veicular para todo o Tocantins. O resultado então é a sobrecarga de trabalho, já que são cerca de três mil perícias por ano apenas nessa área, divididas para poucos profissionais.

“No interior pode haver demora, sim, pela sobrecarga. Só tem um profissional em Gurupi e outro em Araguaína, os demais estão em Palmas. Com isso há o acúmulo de veículos nos pátios das Delegacias de Polícia e os peritos adoecem por estarem sobrecarregados. Além  é claro, dos produtos químicos usados emitirem gases tóxicos, o que gera risco de intoxicação nos peritos e a demora para os donos dos veículos poderem recuperar seus automóveis ou motos”, pondera o presidente.

Enquanto as vítimas de roubos e furtos de veículos precisam aguardar, os 25 candidatos aprovados no concurso da Polícia Civil para o cargo de perito criminal também estão à espera da convocação por parte do governo estadual, sem previsão alguma para a nomeação. Os remanescentes esperam há mais de quatro anos o desenrolar do concurso.

“Sabemos que há a demanda de profissionais, principalmente com a vacância de 34, mais as 25 aposentadorias que terão este ano. A entrada de novos peritos vai ser importante para ajudar a completar o quadro hoje que está deficitário e o mais importante, agilizar o trabalho dos peritos de áreas drásticas, como a do trânsito e com isso, contribuir com a população, fazer o trabalho para qual estudamos e nos especializamos na academia”, afirma a candidata aprovada para o cargo de perita criminal, Luíza Mota.

Concurso

Mais 60 candidatos remanescentes do concurso da Polícia Civil foram nomeados em junho. O ato foi publicado no Diário Oficial do dia 28 de maio, com efeitos a partir daquela data. Com isso, 12 peritos, 22 delegados e 26 escrivães passaram a integrar o quadro da Segurança Pública do Estado.

Porém, mesmo com a nomeação por parte do governador Mauro Carlesse (PHS), o quantitativo de candidatos que tomam posse representa apenas um terço dos remanescentes que aguardam a convocação. Somando os cargos ainda ficam no aguardo 96 candidatos.

Para a Comissão de Candidatos Aprovados no Concurso, que se iniciou ainda em 2014, a convocação parcial sem nenhuma perspectiva de cronograma para as nomeações de todos os aprovados frustra quem se dedicou tanto para o certame e aguarda por mais de quatro anos.

“Sabemos de todas as dificuldades que o Estado passa no que tange as questões financeiras, mas sabemos também que há previsão orçamentária para a convocação de todos os aprovados. E sabemos ainda que demanda de trabalho é que o não falta. Por isso, pedimos que o governo estabeleça, pelo menos, uma data de nomeação do restante dos aprovados. Isso acalmaria a todos e daria a certeza de que nossa vez também vai chegar”, finaliza Luíza.

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