Nos cinco primeiros meses de 2016, foram apreendidos 632 quilos de drogas no Pará, de acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), divulgado nesta segunda-feira (27).  De janeiro a maio, foram 1.788 prisões relacionadas ao tráfico de entorpecentes, correspondendo a uma média de 14 prisões por dia no estado.

“Desde 2011 o enfrentamento ao narcotráfico se tornou uma das prioridades da segurança pública do Pará. Isso tem surtido grandes resultados, com o aumento significativo do volume de apreensões e prisões ligados a esse tipo de crime. E isso acaba se refletindo em outros números da segurança pública, como crimes contra o patrimônio e contra a vida, que guardam uma relação muito próxima com o problema da dependência da droga e das disputas de territórios e dívidas com o tráfico”, aponta o delegado Silvio Maués, diretor Diretoria de Polícia Especializada da Polícia Civil do Pará.

“O desafio do controle do tráfico no nosso Estado é maior que o de outras unidades da Federação, por suas dimensões territoriais e condições geográficas”, ressalta Maués. Por isso, a Polícia Civil do Pará está criando a Divisão de Narcóticos, a Denarc, que terá função de centralizar esse enfrentamento e coordenar o combate no interior do Estado, com controle maior de informações. Até final do mês de julho espera-se que o novo espaço físico esteja estruturado. Quando estiver em funcionamento, ele será um avanço para as atividades da atual Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que é a parte da Diretoria de Polícia Especializada que hoje atua para debelar o problema em coordenação com a Diretoria de Polícia do Interior (DPI) e a Diretoria de Polícia Metropolitana, com apoio da Polícia Militar.

Uma via pela educação

“É preciso ressaltar que o papel das polícias é o de controle final. Entendemos que, necessariamente, é preciso trabalhar a prevenção como carro chefe do combate às drogas e ao tráfico no Estado”, pondera o delegado Maués. Sobre esse outro vértice de atenção ao desafio das drogas no Pará, ele reforça o importante papel do estabelecimento de políticas como as garantidas pelo surgimento do Pro Paz como um programa do Governo do Pará, em 2004, que passou depois a política de Estado e hoje está estabelecido como a Fundação Pro Paz, criada em 2015.

“As ações do Pro Paz, dirigindo ações coordenadas do Estado em segurança e na área social, têm tido um grande papel para minimizar o acesso do tráfico e das drogas às zonas onde há maior vulnerabilidade, principalmente entre as populações mais jovens. Quanto maior o alcance desses projetos, com a ajuda dos municípios, maior será o alcance desse braço protetor do Estado no combate aos problemas gerados pelas drogas”.

A educadora Rosemary Nogueira, responsável pela Coordenadoria de Ações Educativas Complementares (Caec), da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), é categórica ao afirmar que o avanço do tráfico no entorno das escolas está mudando o ambiente escolar. “Esse é um problema que hoje tem grande incidência hoje sobre o aprendizado dos alunos. E hoje ele precisa ser tratado dentro do currículo, através de abordagens de temas transversais em diversas disciplinas”, pondera.

É esse esforço realizado pelo projeto “Bem Conviver”, que já foi levado pelo Caec e Seduc a 89 escolas do Pará, com oficinas e palestras que envolvem alunos, professores e famílias. A meta é capacitar comunidades escolares para que preparem projetos de enfrentamento aos problemas ligados ao tráfico e à dependência. O projeto chegou a mais dois bairros neste primeiro semestre: Pratinha e Bengui. No segundo semestre, a ação chegará ao Guamá e Jurunas. “Tentamos esclarecer os alunos, para que saibam identificar esses abusadores e enxerguem o problema”.

Abrir os olhos dos estudantes para os perigos que rondam as escolas também é o esforço da frente paraense do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). Versão nacional do programa norte-americano Drug Abuse Resistence Education, o Proerd atua no Pará desde 2003. Desde então, já formou aproximadamente 200 mil crianças e jovens no Estado. Nas salas de aula, dez lições são ministradas por policiais militares: são técnicas eficazes para que jovens possam resistir à abordagem do tráfico e à violência causada pelas drogas nas escolas. O programa da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social é gerido pela Diretoria de Polícia Comunitária e de Direitos Humanos. (G1)

 

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