SSP/TO
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Enquanto o governo realizou o concurso da Polícia Militar no último fim de semana, as entidades que representam a Polícia Civil destacam que a categoria continua com um grande déficit de contingente. O certame da PC aconteceu em 2014 com dispensa de licitação por conta da urgência dos profissionais e até hoje o estado ainda não nomeou todos os aprovados no concurso.

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Tocantins (Sinpol), Ubiratan Rebello, a Polícia Civil tem atualmente uma defasagem em torno de 40% do quantitativo geral nos 139 municípios. Por causa disso, o representante afirma que os policias têm que se desdobrar para desenvolverem as atividades cotidianas da polícia e desempenhar um bom papel junto à população.

Ubiratan também destacou a demora do Estado em convocar os 156 candidatos aprovados no concurso, que já concluíram todas as fases do processo seletivo e estão aptos a trabalharem em prol da sociedade. “Existem muitas cidades no Estado que não contam com nenhum policial civil. É muito claro que a medida que aumenta-se o quantitativo de policiais aumenta também a quantidade de casos investigados e crimes solucionados. Essa é a conta que o governo deve fazer”, ressalta.

Admitindo a necessidade de reforço na Segurança Pública, o processo seletivo da PM ofereceu ao todo 1.040 vagas, sendo 1.000 para soldados e 40 para oficiais. O questionamento da Comissão dos Candidatos Aprovados no Concurso da Polícia Civil é: por que o investimento  nos Militares enquanto a Civil tem um certame em andamento sem finalização há quatro anos?

Para o aprovado no concurso para o cargo de perito Sérgio Fernandes Ferreira não adianta investir somente na polícia ostensiva, sendo que a investigava, instância capaz de desvendar os crimes e em muitos casos até evitar a formação de novas organizações criminosas, está com seu quadro de profissionais defasado.

“O governador está promovendo um dos maiores concursos já realizado no Estado, onde foi investida boa parte do orçamento da Segurança para a realização das provas. Porém, o chefe do Executivo se esqueceu que precisa dar atenção para quem está investigando. Não adianta criar um concurso com inúmeras vagas para a PM, se ao mesmo tempo, ele não direciona o olhar para a Civil. Não adianta somente prender. É preciso realizar o trabalho completo para proporcionar segurança nas ruas”, constata.

Sérgio argumenta ainda que o déficit atual de policiais civis no Estado representa inúmeros cargos vagos de policiais que se aposentarem, vagas que poderiam ser ocupados pelos candidatos aprovados. “Tais números refletem diretamente na cifra de crimes não investigados e no crescimento do crime organizado. Hoje, faltam peritos, delegados, escrivães e agentes nas delegacias, o que causa sobrecarga no contingente”, lamenta.

A prova na prática da falta de profissionais é que no início da semana, a mídia divulgou reportagem informando que somente neste ano, em Palmas, 32 pessoas envolvidas com tráficos de drogas foram presas pela Delegacia Especializada na Repressão a Narcóticos (Denarc) do Tocantins. O mapeamento da polícia foi realizado nos três primeiros meses de 2017 e de acordo com a polícia, 30 denúncias foram registradas nas regiões norte e nos setores Aureny I, II, III e IV. Segundo a Denarc o microtráfico na Capital envolve muitos jovens com a faixa etária de 16 a 24 anos.

Diante desses dados e dos inúmeros casos que aguardam investigação, o também aprovado para o cargo de perito Jaeferson Batista Lima comenta que não tem como a polícia conseguir dar agilidade e precisão a todas as ocorrências, devido à sobrecarga de trabalho, principalmente nos departamentos localizados no interior do Tocantins.

“A falta de efetivo afeta quase todos os municípios, sem contar que alguns nem têm profissionais. Eu me questiono todos os dias: será que o governo não percebe que a segurança pública é prioridade? Não adianta ele realizar um concurso com quase 400 vagas diretas e não chamar todo mundo”, enfatiza.

Concurso

Em fevereiro passado, o concurso completou quatro anos que foi lançado.

Desde que ele foi retomado em 2016 com a realização da Academia de Polícia, as convocações vem sendo realizadas pelo governo Marcelo Miranda em doses homeopáticas. Na primeira chamada, em maio de 2017, o governo convocou 53 candidatos para o provimento dos cargos de delegado, 13 médicos legistas, 35 peritos, 63 escrivães, 44 agentes e 26 necrotomistas.

Já no segundo semestre, o Estado nomeou cinco peritos, 31 delegados e 50 escrivães. No entanto, conforme o edital, o Executivo ainda deve convocar os 175 aprovados remanescentes.

No momento ainda faltam ser convocados 37 peritos, 40 delegados e 78 escrivães. Todos os aprovados já fizeram o curso da formação na Academia de Polícia e estão preparados para serem empossados.

 

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