Presidente do Sisepe, Cleiton Pinheiro
Presidente do Sisepe, Cleiton Pinheiro

Em 1932 as mulheres foram às ruas para lutar pelo direito ao voto no Brasil. Na época, nosso país foi o segundo na América Latina a dar esse importante passo após a iniciativa do Equador.

Mesmo que este passado pareça distante, em algumas nações este direito só foi conquistado pelas mulheres recentemente. Caso do Kuwait, que só permitiu o voto as cidadãs do país em 2006.

Para se ter uma ideia, na Arábia Saudita, as mulheres foram às urnas apenas em 2015, já que até bem pouco tempo atrás, os Emirados Árabes não permitiam que elas participassem do processo democrático para escolha de seus representantes.

Enquanto alguns países ainda discutiam a liberação do voto feminino, no Afeganistão as mulheres precisam enfrentar outro tipo de problema, como por exemplo, o impedimento de ter um emprego. Por lá, nem todas as mulheres podem trabalhar fora de casa.

Em 2015 as Organizações das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório onde revelava uma triste realidade: em 70 países, meninas, pais e professores que defendem a igualdade de gênero na educação sofreram algum tipo de agressão entre os anos de 2009 e 2014.

Para ter acesso ao ensino, estas meninas foram (e ainda são) vítimas de ataques de diferentes formas. Segundo a ONU, muitas vezes as agressões não são motivadas necessariamente pelo desejo de negá-las o direito à educação, mas refletem a violência experimentada pelas meninas e mulheres em todas as esferas públicas e privadas de suas vidas.

Apesar de serem maioria como eleitoras nas últimas eleições no Brasil, 53% segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o percentual de mulheres como candidatas ultrapassou por pouco a cota mínima estabelecida pela legislação eleitoral, alcançando apenas a 31,60% em todo o País.

A falta de representatividade é só um reflexo direto dos problemas que estas mulheres precisam enfrentar diariamente. Diferenças gritantes em relação ao salário, assédio moral e sexual no trabalho, jornada integral na profissão e em casa… E sem representatividade, quem luta pelos direitos femininos?

Neste dia 08 de março, o Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins (SISEPE-TO) reconhece que mesmo com todos os avanços ao longo dos anos, no que tange a luta pela conquista, e a conquista propriamente dita de alguns direitos, ainda há muito por vir.

A busca pelo espaço é essencial, por isso, precisamos lutar para garantir que hajam mulheres em todas as frentes, trabalhando como líderes e em posições de chefia, o que pode ser o princípio de uma mudança de paradigma que nem devia mais existir. É importante discutir e refletir a igualdade de gênero desde a base. Debater com pessoas de todas as idades, desde os mais velhos até as crianças.

No dia de hoje, precisamos repensar o porquê de, mesmo atualmente, muitos ainda se incomodarem quando uma mulher assume uma posição de destaque ou argumenta firmemente em uma sala cheia de homens. Da necessidade que muitos têm em diminuí-la simplesmente pelo seu sexo.

Precisamos mudar as pequenas coisas, como começar a ouvi-las durante uma reunião de negócios ou parar de dizer que ‘isto é coisa de mulher’ tão frequentemente e sem pensar, ou as grandes, como escolher alguém que a represente e como consequência, represente leis que as protejam de abusos físicos e psicólogos, que represente mais exames ginecológicos, mais mamógrafos, mais creches, o direito a licença maternidade e amamentação. Só para começar.

Neste 08 de março é preciso desconstruir os clichês (mulheres são delicadas, são estressadas, mulheres gostam de gastar, mulheres não sabem o que dizem, não existe lógica no universo feminino e etc), e começarmos a discutir sobre o quão normal é ter mulheres ocupando cargos de chefia, dividindo as responsabilidades dentro de casa, recebendo salários iguais aos dos homens, andando na rua sem medo de sofrer abuso, expressando suas opiniões ou não sendo escravas de um padrão de beleza impossível de alcançar.

É entender que mesmo sendo diferentes, os direitos, constitucionais na teoria e na prática, precisam ser iguais e precisam chegar a todas elas.

Que neste dia 08 de março os discursos saiam do papel, das redes sociais e do mundo das ideias. Que possamos olhar pras mulheres dos nossos lados não apenas como seres humanos frágeis e delicados, mas como uma companheira, uma parceira, alguém que merece nosso respeito e que busca o reconhecimento de ser tratada como igual. Neste dia 08 de março, se não podemos corrigir a história, consigamos acertar e mudar o futuro.

Feliz dia das Mulheres!

Cleiton Pinheiro
Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins  (SISEPE-TO)

 

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