A Polícia Federal (PF) desencadeou neste sábado 18, uma operação em três estados para desarticular uma quadrilha que fraudou a Caixa Econômica Federal em cerca de R$ 73 milhões no fim do ano passado. O dinheiro era da Mega-Sena (a principal loteria da Caixa).

De acordo com a PF, o banco disse que se trata da maior fraude já sofrida em toda a sua história.

Foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, dez mandados de busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva (quando o suspeito é obrigado a depor na delegacia) nos estados de Goiás, Maranhão e São Paulo.

Entre os investigados que tiveram a prisão preventiva decretada está um suplente de deputado federal do PMDB do Maranhão. Segundo a PF, ele adquiriu um avião de pequeno porte há menos de um mês.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o nome do envolvido é Ernesto Vieira Carvalho Neto, 40 anos, goiano de Itaberaí, que disputou a vaga em 2010 na chapa da governadora Roseana Sarney (PMDB).

Até as 12h de ontem, a PF ainda cumpria os mandados. A PF não havia localizado o suplente de deputado para cumprir o mandado de prisão.

A fraude, segundo a PF, consistiu na abertura de uma conta corrente na agência da Caixa em Tocantinópolis (TO), em nome de uma pessoa fictícia, para receber um prêmio falso da Mega-Sena no valor de R$ 73 milhões.

A conta foi aberta no dia 5 de dezembro, segundo o delegado da PF Omar Afonso de Ganter Pelow. O dinheiro foi transferido em seguida para diversas outras contas.

O gerente-geral da agência de Tocantinópolis é suspeito de envolvimento no crime e está preso desde o dia 22 de dezembro.

Os investigados pela operação devem responder pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público por funcionário do Estado), receptação majorada (de bem público), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de reclusão. A Caixa já bloqueou as contas e recuperou cerca de 70% do dinheiro desviado.

O agente da PF Jorge Apolônio Martins disse que esta foi a quarta vez que o golpe foi aplicado no Brasil. Em geral, o gerente da Caixa é cooptado pela quadrilha e confirma o recebimento do prêmio, transferindo o valor para uma conta dos fraudadores.

A quadrilha está espalhada pelo Brasil, o que dificulta a investigação, informou a PF, que batizou a operação de Éskhara, nome que vem do grego e significa ‘escara’, uma ‘ferida que nunca se cura’.

Policiais federais do Tocantins, Goiás, Maranhão e São Paulo participaram da operação; ao todo, há mais de 65 agentes envolvidos.

A PF informou que as investigações prosseguem porque há outros possíveis fraudadores. A PF, que trabalhou em parceria com o Ministério Público do Tocantins, não tinha a intenção de deflagrar a operação ontem, mas antecipou pra evitar vazamento de informação. A Caixa divulgou nota na qual informa que foi o banco quem comunicou a PF sobre a fraude. ‘A Caixa Econômica Federal informa que acionou a polícia logo que constatou a fraude. O banco continua acompanhando o caso e está à disposição da PF’, diz a nota.

A operação da PF ocorre no momento em que a Caixa tenta abafar uma crise, após a revelação pela revista IstoÉ de que se apropriou de R$ 719 milhões de saldos de contas bancárias de clientes que foram encerradas por iniciativa do banco.

(Leandro Aguiar/Folha de São Paulo)

 

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