Durante entrevista nesta segunda-feira, 10, o candidato à reeleição ao governo, Mauro Carlesse (PHS) disse que o ‘equilíbrio’ é fazer com que o Estado consiga melhorar  arrecadação sem ter que aumentar impostos.

Mauro Carlesse foi entrevistado no JA 1ª Edição e foi o primeiro a ser ouvido na rodada de entrevista que a TV Anhanguera realiza com os cinco concorrentes ao governo do Estado.

Confira a entrevista completa:

O foco da campanha do senhor é a estabilidade para recuperar a credibilidade, mas o senhor é acusado de usar a máquina pública para ajudá-lo a se eleger a governador. As vésperas da eleição suplementar, o Palácio Araguaia e outras repartições foram alvo de buscas da Polícia Federal. Como garantir essa estabilidade, essa credibilidade se o senhor mal assumiu o governo tampão e já responde a uma ação por crime eleitoral ?

Essa ação realmente foi feita em período eleitoral. Acusando que nós usamos a máquina pública de forma eleitoral, mas eu tenho tranquilidade de dizer que nunca foi feito isso, a gente teve muito cuidado e quando se fala de estabilidade é o que estamos fazendo. Nós pegamos um estado totalmente desordenado em todos os sentidos. Fornecedores atrasados, saúde com problema sério, as estradas todas detonadas, segurança pública com problemas muito grandes.

Nós temos feito esse trabalho. Como se usa a máquina pública reduzindo despesas? Sem fazer nenhuma contratação. Até naquele período nós tivemos que fazer algumas demissões por motivos de ajustes. Então, não se foi usada a máquina pública de nenhuma forma. Nós fizemos foi trabalhar, fazendo com que nossos servidores prestassem serviço a nossa comunidade e está aí o resultado. Nós estamos trabalhando, fazendo com que a gente consiga atender melhor a nossa comunidade.

A Polícia Federal, também antes da eleição suplementar, apontou a existência de pelo menos 37 processos de liberação de dinheiro, pagamento para empresas em virtude do processo eleitoral, que o senhor próprio falou, agora, e isso não poderia ser feito. A Justiça encarou esse pagamento como compra de apoio político e isso o eleitor não aprova. O senhor não acha que essa prática desgasta a sua candidatura?

Não houve nenhum pagamento irregular. Se nós não pagássemos alguns fornecedores, que fornecem os remédios, por exemplo, não teria como atender a saúde. Como é que deixa de pagar o plano de saúde. Como é que deixa de pagar coisas simples como combustível para ambulâncias e outros setores poderem andar. A gente fez aquilo que era necessário.

Então todos esses 37 foram pagamento para serviços essenciais? O senhor garante isso?

Garanto isso. Está lá, estamos respondendo. Eu estou tranquilo nesse sentido. Dizer que nós usamos a máquina pública é um engano. Isso é coisa eleitoral.

Vamos falar agora do programa eleitoral do senhor. Em um dos programas, o senhor compara a administração pública com cuidar da própria casa. Bem, na esfera pessoal, ou seja, dentro da sua própria casa, o senhor tem quase uma centena de processos nos tribunais de Justiça e execuções fiscais no estado do Espírito Santo, Mato Grosso, São Paulo e aqui no Tocantins. Essas ações têm valor de causa que chega aos R$ 6 milhões em execuções fiscais por infrações ao código tributário e multas. É assim que deve cuidar da própria casa e da administração pública. Como que o senhor usa essa metáfora que foi colada no plano de campanha, nas propagandas, com esses processos dentro da própria casa?

Olha, eu sou empresário desde os 18 anos de idade. Tenho uma vida de empresário muito sofrida, muito determinada e vencedora. Lógico que nesse período tem muitas ações que foram demandadas contra algumas de nossas empresas, mas a maioria delas já foi resolvida. Foram contestações, foram situações contábeis e isso está sendo resolvido. A maioria, 99% já foi resolvido. O que eu sempre digo, nunca teve envolvimento de dinheiro público.

Candidato, se o senhor trabalhava direitinho na esfera pessoal, como justifica tantas ações? O que motivou tudo isso?

Justifica, sim. Hoje, ser empresário no Brasil, que todo dia está tendo uma mudança econômica, é justificável sim. A maioria dos empresários e eu tenho certeza que a maioria está me ouvindo, é muito difícil hoje um empresário que não tenha uma ação. Um exemplo, uma trabalhista, uma diferença de alíquotas. Isso são coisas que estão sendo discutidas e em nenhuma delas eu fui condenado.

Então, é uma situação que hoje eu estou como candidato, em público, dizendo a todos que isso não passa de processo eleitoral. Mas, de qualquer maneira, a gente está trabalhando, desenvolvendo e não fui condenado em nenhuma dessas ações. Na maioria, os problemas até foram resolvidos. Agora, quando se fala em dinheiro público, nós estamos trabalhando sim, muito. Para fazer com que esse estado cada vez melhore, respeitando o dinheiro público. É o que nós estamos fazendo.

O senhor estava como empresário há muitos anos. Agora, como político e gestor público o que o senhor tem de efetivo para o plano econômico do Tocantins para tornar o estado industrializado? O que na prática pode mudar?

Podemos mudar muitas coisas. Os incentivos fiscais para um estado igual ao Tocantins, que é um estado novo, têm que ser revistos. Nós temos que fazer um plano de trabalho para poder atrair indústrias dando incentivos fiscais. E também não esquecendo as que já estão aqui, dentro do nosso estado, que hoje estão sofrendo demais por causa da carga tributária. Então, nós temos que trabalhar e fazer com que essas empresas tenham mais condições de investimento e pagar menos impostos.

Quais impostos o senhor poderia reduzir ou cortar? Porque, por exemplo, o ICMS afeta a oferta de vários produtos.

Todos os tributos, não só interno como de compra, que nós temos uma diferença de alíquota muito grande de um estado para o outro. Principalmente quando mexem na área da agricultura, as alíquotas nossas são enormes. Então, a gente tem que ajustar. Pelo menos diminuir aquilo que é possível para não atrapalhar a nossa arrecadação, aumentando o volume de indústras para dar um equilíbrio. Isso é um processo de três, quatro anos para poder adequar.

Falando em economia, 66% da renda do estado estão comprometidos com o funcionalismo público. Na saúde, 96% da receita destinada à pasta vão para o pagamento dos servidores e sobra muito pouco para investir em outras áreas. Como o senhor pretende desenvolver o Tocantins com as contas tão apertadas como já estão?

Quando nós assumimos o governo, em 90 dias praticamente de governo, nós recebemos com 58%. Nesses 90 dias, nós já reduzimos 3.9% o gasto com pessoal, quase 4%, e já temos uma meta até janeiro em reduzir mais 4%. Colocando o estado na letra b, que hoje está na c, para poder alavancar nossa economia. Nós estamos reduzindo essas despesas. A única condição que nós temos de reduzir, fazer com que entre no equilíbrio fiscal é reduzindo as despesas do estado e nós estamos fazendo isso.

Falando nessa redução de despesas, o estado conta com um gargalo no funcionalismo público que são as progressões e reajustes de salários atrasados. A gente está falando de direito que o servidor conquistou por conta de outras gestões, mas o estado tem o dever de cumprir com esses direitos assegurados em lei. Sem falar nos contratos e cargos em comissões. O Ministério Público deu uma recomendação para reduzir a folha, mas efetivamente isso não aconteceu. Como o senhor vai tratar desse assunto, que interessa milhares de famílias que dependem do serviço público para se manter?

Acabei de posicionar, nós estamos reduzindo as despesas do estado, fazendo algumas mudanças internas e com isso a gente está conseguindo diminuir despesas. Logo que nós chegamos, tivemos uma redução de contratos que colocamos pelo menos dentro de um quadro necessário para atender bem a nossa comunidade. Então, nós estamos trabalhando. O que temos que melhorar é o sistema de arrecadação do estado.

O estado hoje tem uma diferença muito grande. Tem uma arrecadação pequena e com a despesa muito grande. O equilíbrio é fazer com que a gente consiga melhorar a nossa arrecadação sem aumentar impostos.

Como fazer isso sem aumentar impostos? O estado vai tirar de onde?

É a maneira que ocorrem algumas situações por falta de fiscalização correta, falta de organização do estado. Em 90 dias, a gente tem tentado colocar o máximo possível dentro de um quadro correto de arrecadação. Os 90 dias que a gente está acaba tendo um pouco de dificuldade em algumas situações, alguns servidores que não estão entendendo a situação, mas a gente está colocando.

Não vai ter demissão igual alguns candidatos estão dizendo que o Carlesse, a partir do momento que for eleito, vai reduzir 30%, 40% dos servidores. Isso é mentira. O estado precisa dar emprego, abrir frentes de trabalho. A gente colocando o estado na letra b, vai entrar financiamentos e dinheiro para poder dar emprego para essas pessoas que tanto precisam.

Para fechar o raciocínio sobre essa questão. O Tocantins tinha, por volta de 2002, uma capacidade de investimento em infraestrutura, estradas, pontes, em média de 40%. Hoje, está na casa dos 5% por conta da folha de pagamento e dos compromissos que tem que arcar. Como conseguir equilibrar isso? Fazer com que a capacidade de investimento do governo aumente com tantas contas a pagar?

É o que eu disse. Reduzindo despesas, sem ter demissão, nós vamos consguir fazer com que o estado tenha uma arrecadação melhor sem aumentar impostos, distribuindo com os investimentos que estarão entrando no estado a partir do momento que nós colocarmos o estado no equilíbrio fiscal. Nós vamos ter muitos recursos para poder abrir frentes de trabalho, dando emprego para essas pessoas que tanto precisam.

Famos falar de um setor que é impactado diretamente por essa saúde econômica do Tocantins, o setor da saúde, que é um dos principais desafios dos candidatos aqui no estado. O senhor lançou o programa opera Tocantins, com a promessa de reduzir ainda no mandato-tampão a fila de seis mil pacientes que aguardam cirurgias eletivas, aquelas que são agendadas. Mas, no Hospital Geral de Palmas, que é o maior hospital público do Estado, o déficit de horas chegou a mais de 3 mil por falta de médicos, isso só no pronto-socorro, no mês de julho. Falta de profissional, de gente que não dá conta de dobrar e fazer hora extra porque é humanamente impossível. Na neurologia teve paciente que morreu por falta de atendimento. Como cumprir a promessa de zerar a fila de seis mil pacientes até dezembro?

A prova é que nós já operamos mais de duas mil pessoas, já foram feitas essas operações. Ajustando os horários de médicos e servidores de forma bem produtiva. Hoje as filas no HGP não existem mais. Quando a gente chegou estava um caos.

Mas as salas vermelhas e outras salas substituíram as filas.

Não. É um processo de atendimento. Quando a pessoa já está na sala vermelha, ela já entra em um processo de atendimento.

Ficar 15 dias em uma sala de triagem? Muitos pacientes ficam mais de duas semanas na sala de triagem. É uma fila que saiu do corredor e hoje esta na sala de triagem. Informação dos profissionais do hospital.

Justamente. No corredor ela não tinha atendimento, era desumano. Hoje ela está entrando em uma sala de triagem, você frisou muito bem. A sala de triagem é para saber qual é a área que ele vai ser atendido, de que forma e quando ele vai ser atendido. Então, isso acabou com as filas de dentro dos hospitais. Isso é um grande avanço. Em 90 dias, um processo que é uma herança de mais de cinco, seis, sete anos para trás. Nós, em 90 dias fizemos com que pelo menos as pessoas sejam atendidas e com muito pouco tempo já vão sendo feitas as triagem para que elas sejam operadas ou voltem para suas regiões. As vezes tem pacientes que chegam por qualquer coisinha, entra em uma fila e acaba atrapalhando outros atendimentos que sejam necessários.

Nós temos um problema muito sério dentro de Palmas. Palmas deveria ter um hospital de fraturas, mais de 40% que atende hoje o HGP é o pessoal das UPAs que sai e vai para o HGP. Então, nós temos que descentralizar a saúde justamente por esses motivos. Temos que fazer com que as pessoas sejam atendidas nos municípios o máximo que puder para desafogar os grandes centros.

Ainda falando de saúde, vamos falar com os telespectadores que nos assistem em Gurupi e região. O Hospital Regional de Gurupi, que atende 17 cidades, mas tem um problema grave que é a falta de obstetras e o próprio governo já reconheceu que tem dificuldade em contratar os médicos. Como resolver isso em Gurupi?

É uma dificuldade muito grande. Veja bem, o problema nosso é um processo de algum tempo para traz também que é de salário. Você pagar um médico em torno de R$ 6 a R$ 7 mil é muito difícil de achar esse profissional. Então, tudo isso a gente tem que fazer é que trabalhar e mudar.

Como que o estado pretende atrair esses médicos?

Justamente, dando condições para esses médicos. Condições de trabalho e até de compensação para que eles tenham interesse. Porque a maior dificuldade que temos hoje é isso. Com o impedimento que nós estamos tendo pelo período eleitoral, a gente acaba sendo amarrado. Nós não temos condições de fazer muita coisa, mas o pouco que nós estamos fazendo melhorou demais a saúde tocantinense.

Candidato, em Araguaína, um bebê morreu recentemente a espera de transferência para uma UTI, que é setor que enfrenta problemas também. Quando que o estado vai ter autonomia para gerir uma UTI neonatal e não depender de hospitais particulares ou transferências?

Nós estamos trabalhando, fizemos um projeto para fazer alguns investimentos. Aquilo que eu disse, não é fácil você conseguir fazer e atender em 90 dias tudo que há muito anos não vem fazendo. Mas nós estamos tomando providências e eu espero que passando esse período eleitoral a gente consiga dar um avanço muito grande. Tudo que eu falo, eu penso que é para agora. O cidadão não pode esperar mais, ele precisa ser atendido hoje e é da maneira que nós estamos trabalhando, fazendo com que a população tenha o melhor atendimento e imediato. É isso que a gente está fazendo.

Na segurança pública, o Tocantins tem hoje um terço, ou seja, menos da metade, do número de policiais militares que a própria lei estadual determina. A lei prevê nove mil policiais para o Tocantins, mas hoje temos mais ou menos três mil. Isso mostra que mesmo com os mil que deveriam entrar pelo concurso público a situação fica inconfortável para quem está trabalhando. O que o senhor pretende fazer para resolver a questão da segurança Pública? Delimitando para a área da Polícia Militar, que tem um déficit e está com um concurso parado por suspeita de fraude.

Esse concurso não deveria estar acontecendo. Foi muito ruim, nós esperamos que a Justiça resolva imediatamente se continua esse concurso ou que dê uma oportunidade de fazer um novo concurso. Eu tenho dito que a Polícia Militar tem se desdobrado. É muito difícil, tem algumas cidades que está faltando a polícia. A gente está conseguindo mandar, mas é muito pouco o contingente. Então, a gente está tentando fazer o máximo possível, mas já melhorou muito. Temos feito um trabalho muito firme, a Polícia Militar tem trabalhado se desdobrando e fazendo com que realmente a população tenha esse sentimento de segurança.

Eu espero resolver essa situação o mais rápido possível essa situação e fazer esse concurso ou aproveitar o que der desse concurso que já foi feito.

Sobre falta de água, muita gente que está nos assistindo vive essa situação de cidades desabastecidas e que principalmente são atendidas pela ATS, mas enfrentam esse problema todos os anos. Seja pela falta de água nos reservatórios ou pela gestão falha, pois até para consertar a bomba a agência tem que contratar empresas terceirizadas e nem assim essa questão simples é resolvida. O senhor promete fazer em 60 dias, no plano de governo, resolver isso fazendo convênio com a Funasa. Não seria terceirizar o serviço do governo estadual para o governo estadual? E o governo federal está disposto a receber essa responsabilidade?

Essa é outra herança pesada. Você vê que há mais de dez anos não tem investimento nessas cidades que a ATS tem o compromisso. Nós já tomamos algumas providências. Emergencialmente, atendendo aquilo que é mais urgente, mas tem muito que fazer. Essa semana mesmo a gente pediu um aditivo, uma suplementação para que a gente consiga fazer esse período que está entrando agora que é o pior.

O senhor tem 30 segundos para as considerações finais.

Eu digo aqui a todos os tocantinenses que eu tenho feito o máximo para que a gente consiga atender a nossa comunidade. Em 90 dias nós já fizemos tudo isso que já discutimos e temos discutido em todas as cidades, melhorando a saúde, melhorando a educação, melhorando a segurança pública e dando estabilidade aos nossos servidores com pagamento em dia.

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