Márlon Reis
Márlon Reis

Ao destacar os reflexos negativos para a sociedade da má gestão no poder público aliada à corrupção, o ex-juiz de Direito e advogado Márlon Reis fez um alerta sobre a condição que classificou de pré-falência do Tocantins. “A má gestão aliada à corrupção, à compra de votos, desvio de verbas públicas e de emendas parlamentares trazem danos irreparáveis ao cidadão. Vejam o exemplo do Rio de Janeiro, com atraso de salários, calamidade na saúde e moradores à mercê da violência. E o Tocantins? Rombo de mais de R$ 1,2 bilhão no Igeprev e uma gestão que deixa de recolher Previdência para pagar salário. Isso é condenar um Estado à pré-falência. O Rio levou quase 400 anos para estar nessa situação e o Tocantins não tem nem 30 anos e está muito próximo disso”, afirmou.

As declarações de Márlon Reis foram dadas durante palestra no final de semana, na Câmara de Vereadores de Gurupi, no sul do Tocantins, durante Simpósio de Literatura e Arte promovido pela Academia Gurupiense de Letras. O tema foi motivado pela pergunta de uma das 200 pessoas que prestigiavam o encontro. Na palestra, ele falou sobre sua infância no Tocantins, a mudança para o Maranhão, a carreira profissional e fez relato histórico sobre, por exemplo voto de cabresto e coronelismo.

Mudança é vital

Pré-candidato ao governo do Tocantins, o ex-juiz, de 47 anos, nasceu em Pedro Afonso e é reconhecido internacionalmente por, entre outras iniciativas, ter sido o idealizador e relator da Lei da Ficha Limpa. Resultado de iniciativa popular e aprovada no Congresso após coleta de 1,6 milhão de assinaturas e mobilização por todo o Brasil, a medida já barrou, inclusive, mais de 1,2 mil candidatos em todo o Brasil, que não puderam concorrer após terem sido condenados em tribunais.

Para ele, o país se encontra nessa situação por causa da maneira que é feita a política atualmente. “A gente vê diariamente no noticiário que o país se encontra nessa condição. Quando não se modifica o pensamento dos eleitores e dos políticos o resultado é [a situação] do Rio de janeiro. Não podemos ser bois indo para o abatedouro, como no caso do Rio de Janeiro. Ou nós mudamos ou o Tocantins será o próximo Rio de Janeiro”, complementou.

Episódio da lava jato

Outro relato importante feito por Márlon Reis foi o episódio quando, em 2014, foi atacado por políticos que hoje estão presos alvos da operação Lava Jato. O motivo da ira dos políticos foram as revelações de Márlon Reis no livro “O Nobre Deputado”, que revela artimanhas de políticos que lucravam com a corrupção. “Em 2014, Eduardo Cunha pediu ao Henrique Eduardo Alves que abrisse processo contra este “juiz infame que está querendo destruir a imagem da política”. Imaginem. Eles se transformaram em arautos da política e eu, em réu!!!”, contou Márlon Reis.

Na época, Márlon Reis chegou a ser alvo de procedimento no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e buscou o advogado cearense Djalma Pinto para defendê-lo. “No julgamento, na minha defesa, ele fez a seguinte comparação: ‘Há 3 mil anos um julgamento como esse acontecia num lugar distante de nós, na Grécia. Ali um estudioso chamado Sócrates era acusado dos mesmos crimes… Éramos de questionar a ordem estabelecida e propor aos jovens uma nova leitura da realidade. Mas, uma coisa é diferente. Os acusadores de Sócrates acreditavam que estavam certos. E os acusadores de Márlon Reis têm certeza absoluta que estão errados’. Ou seja; fui absolvido e meus acusadores não tiveram a mesma sorte”, relembrou, arrancando aplausos da plateia.

 

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