Balde Cheio, tradicional projeto de transferência de tecnologia da Embrapa em pecuária leiteira, está entrando em nova fase no Tocantins. Agora de maneira mais planejada, com a inclusão de novas instituições parceiras, a ideia é que o projeto passe por uma reestruturação que permita atingir seu principal objetivo: mostrar aos produtores de leite do estado que é possível produzir mais e melhor. Com a adoção de tecnologias (parte delas bem simples) e com o monitoramento de indicadores agronômicos e financeiros, espera-se contribuir para uma melhoria na realidade dessa importante cadeia produtiva na região.

A nova fase no Tocantins faz parte de um fortalecimento do Balde Cheio em todo o país. A Embrapa está agora trabalhando em rede, unindo diversas unidades da empresa espalhadas pelo país. A coordenação nacional do projeto permanece na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), que vem há cerca de 20 anos trabalhando nele. Nessa nova etapa, em cada região, a unidade mais próxima fica responsável pela execução do projeto. No caso do Tocantins, quem está à frente é a Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), que mantém um grupo de empregados voltados à área de sistemas agrícolas, o que envolve o Balde Cheio.

Para marcar o início da reestruturação do projeto no estado, foi realizada reunião técnica em Paraíso do Tocantins. A cidade fica na região Central do estado e recebeu nos dias 24 e 25 de julho técnicos e outros profissionais que atuam na cadeia produtiva do leite não apenas no Tocantins; havia participantes do Sul do Pará, já demonstrando o potencial também daquela região na pecuária leiteira. A condução da reunião ficou a cargo de Cláudio Barbosa, zootecnista da Embrapa em Palmas. Ele é o chamado ponto focal, ou referência na Embrapa para contatos sobre esse projeto no Tocantins.

Cláudio entende que o objetivo de agregar novas parcerias ao projeto no estado foi atingido. “O Sebrae e o Ruraltins, que já trabalharam com o projeto Balde Cheio em uma fase anterior, se interessaram em ser parceiros nesta nova fase, cada qual com as suas contrapartidas possíveis”, explica, acrescentando que outras instituições estão entrando no projeto. Uma associação de produtores com atuação no Sul paraense e o campus do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) de Dianópolis, cidade situada no Sudeste tocantinense, são dois exemplos de novos parceiros. O Ruraltins é o órgão público oficial de assistência técnica e extensão rural do Tocantins.

Quem também ficou satisfeito com as discussões feitas em Paraíso foi André Novo, que é da Embrapa Pecuária Sudeste e coordena, nacionalmente, o Balde Cheio em rede. “O objetivo da reunião pra mim foi plenamente alcançado porque a gente tirou muita dúvida, esclareceu uma série de mitos que estavam envolvendo o Balde Cheio. Deixamos muito claro daqui pra frente qual é o caminho que vai ser seguido pelas parcerias locais e pelo envolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura e de todos os outros agentes da cadeia pra que (o projeto) possa ser melhor estruturado. Um projeto que é de sucesso, já é amplamente conhecido aqui no Tocantins, mas que tem tudo pra ser fortalecido daqui pra frente”, contextualiza.

André explica que “começaram a surgir ideias de onde poderia acontecer o arranjo, onde poderiam ser fortalecidas as parcerias pra que se possa retomar o caminho que já foi muito bacana aqui no passado e eu tenho certeza que vai ficar ainda melhor”. O arranjo a que ele se refere é o arranjo produtivo local (APL), maneira de organizar a cadeia localmente para que ela se fortaleça e gere mais resultados efetivos. Essa forma de organização da produção é tradicionalmente trabalhada pelo Sebrae, um dos grandes parceiros do Balde Cheio no país. Diferentes cadeias produtivas encontram nos APLs a base para sua expansão. A cadeia da pecuária leiteira, inclusive.

Ganhos – Cláudio está esperançoso com o aumento do impacto positivo do projeto no estado. Segundo ele, “além de se ter mais pessoas da Embrapa envolvidas nas atividades de execução do projeto, haverá mais parceiros e uma organização de APLs. Desse modo, os esforços serão concentrados nas regiões que caracterizam-se por apresentar maior potencial para este desenvolvimento da cadeia do leite, considerando-se as condições mercadológicas de escoamento e a venda do leite e de seus derivados, além da proximidade de maiores centros de consumo com um maior poder de compra”.

O projeto é baseado fundamentalmente em dois pontos: capacitação de técnicos com atuação direta no campo, orientando produtores rurais; e condução de Unidades Demonstrativas (UDs), que são áreas consideradas modelo em propriedades rurais no que se refere ao uso de tecnologias. Essas áreas recebem produtores da região onde estão instaladas no sentido de incentivá-los a também adotarem tecnologias sustentáveis para a melhoria da atividade. No Tocantins, essas UDs, em outros projetos de transferência de tecnologia, têm sido chamadas Unidades de Referência Tecnológicas (URTs).

Quanto aos próximos passos dessa nova fase do Balde Cheio no estado, o zootecnista da Embrapa explica que deverão acontecer contatos e reuniões com outras instituições e atores da cadeia produtiva do leite para que se integrem ao projeto, que inicialmente vai até 2021. Além disso, será operacionalizada a execução das parcerias já existentes, por meio de termos de cooperação e planos de trabalho. E o principal: “estabelecer o calendário programático das visitas e encontros técnicos para a capacitação dos agentes multiplicadores das tecnologias do Balde Cheio já comprometidos com a execução do projeto no estado do Tocantins e no Sul do Pará. Em seguida, executar estas visitas às propriedades selecionadas pelos multiplicadores, onde eles já estão cientes que estas são as suas principais salas de aula”, finaliza Cláudio.

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