médico Pedro de Paula Caldas

Após 1.583 dias do atropelamento que, pouco mais de um mês depois, matou o médico e triatleta Pedro Caldas em Palmas, a ré Iolanda Costa Fregonesi, hoje com 25 anos, foi julgada pelo Tribunal do Júri nesta segunda-feira, 14 de março, no Fórum da Capital. Iolanda Fregonesi foi condenada a 7 anos e 11 meses.

Sem habilitação, a acusada, embriagada conforme inquérito da Polícia Civil e a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), dirigia um Ford Fiesta quando atropelou Pedro Caldas e seu colega Moacir Naoyuk Itoum enquanto corriam na Marginal Leste. Moacir Itoum se recuperou do acidente, mas Pedro Caldas, atingindo diretamente, não.

Naquele domingo de manhã, ela se negou a fazer o teste do bafômetro, foi detida no momento, mas acabou liberada após pagar fiança de R$ 3 mil. Pedro Caldas, por sua vez, iniciava seu calvário mortal. Internado imediatamente após o socorro, permaneceu 34 dias em coma profundo lutando pela vida. A família, com todas as forças, não mediu recursos e pensamentos positivos durante a agônica espera por uma recuperação que nunca chegou. No dia 16 de dezembro chegou a pior das notícias: o médico morreu.

Com carreira de sucesso na Capital, Pedro Caldas era ginecologista e especializado em reprodução humana. Trabalhava, portanto, ajudando a tornar famílias felizes, contribuindo com a geração de vidas. Com a sua morte, foi a própria família que passou a sofrer uma dor sem cura. O médico deixou três filhos pequenos, esposa, vários outros parentes e muitos amigos.

Denúncia criminal e reincidência

A Polícia Civil indiciou Iolanda pela prática dos crimes de homicídio qualificado na direção de veículo automotor, tentativa de homicídio qualificado, embriaguez ao volante e por dirigir sem habilitação. Na Justiça, o MPE, que respaldou as conclusões da Polícia, acusa a jovem de homicídio qualificado, tentativa de homicídio em concurso formal, embriaguez ao volante e direção inabilitada.

O inquérito apontou, ainda, reincidência da acusada. Segunda Polícia Civil, em 2016 Iolanda Iolanda já havia se envolvido em um ocorrência de trânsito semelhante, com vítimas. Na ocasião, a então estudante conduzia um veículo Honda Civic e colidiu com um casal que trafegava em uma motocicleta, na Avenida Tocantins, trecho próximo ao Jardim Taquari, região Sul da Capital.

Iolanda Fregonesi

De acordo com a Polícia, ela agiu de forma semelhante ao Pedro Caldas. Estava alterada e se recusou a fazer o teste do bafômetro. As vítimas estavam em uma motocicleta e tiveram fratura exposta.

Caso tem repercussão nacional, com atrizes clamando por justiça

A família do médico, liderada pelo pai de Pedro, Luciano Caldas, vem promovendo uma campanha para que o julgamento seja uma referência para esse tipo de ocorrência. Denominado Marco Civilizatório Pedro Caldas, a ideia é conscientizar as pessoas que quem bebe, dirige e causa homicídios, precisa ser punido. “Nós não podemos aceitar mais esse tipo de comportamento. No Brasil, a lei prevê tolerância zero de álcool para controlar um volante e isso precisa ser respeitado”, destacou Luciano.

Atrizes consagradas, Cissa Guimarães e Carol Castro, gravaram vídeos apoiando a campanha. Primeiro, no início de fevereiro, foi Cissa Guimarães que pediu responsabilização por esse tipo de crime. “A motorista estava embriagada, não possuía carteira de motorista e ainda era reincidente. Atropelou um casal alguns anos antes e também alcoolizada, sem documentação e não deu em nada. A família do Pedro tem se movimentado para tentar mobilizar a população de Palmas para não aceitar mais impunidade. É o movimento por uma cidade mais justa. As pessoas que bebem e dirigem têm que ser responsabilizada”, destaca a atriz.

Na semana passada, Carol Castro reforçou o apelo por justiça. “Quando a gente se torna pai, mãe, a gente se dá conta do valor real da vida, é inexplicável nosso sentimento de querer proteger o filho. É contra a ordem natural da vida os filhos partirem antes dos pais, sobretudo quando ela é tirada abruptamente. Esse é o caso de Pedro Caldas! A família vem há anos tentando mobilizar a sociedade de Palmas a não aceitar mais impunidade. Eu conto com vocês, eu conto com vocês”, frisou a atriz, que tem 38 anos e desde os 16 atua profissionalmente. Ela já passou por várias novelas da Rede Globo.

Outra personalidade que também gravou mensagem de apoio foi o pintor e artista plástico Siron Franco. Ele perdeu três sobrinhos em uma ocorrência semelhante e destacou a necessidade de o Brasil mudar essas leis.

Abraço simbólico no Parque dos Povos indígenas

No domingo 13 de março, véspera do julgamento, a família de Pedro Caldas pede o último apoio à sociedade de Palmas. No Parque dos Povos Indígenas, os familiares vão promover um abraço simbólico a Pedro Caldas, em ato marcado para às 10 horas.

 

Comentários do Facebook
Artigo anteriorTocantins lidera ranking da região norte de novas vagas de emprego geradas em janeiro de 2022
Próximo artigoMulheres do Tocantins: Fé e saberes tradicionais passados de geração em geração garantem a continuidade do Povoado do Mumbuca