Faleceu no último domingo, 26, o frei Henri des Roziers, frade dominicano que por quase 40 anos atuou no combate ao trabalho escravo no Brasil, especialmente no Tocantins e Pará. Frei Henri tinha 86 anos e faleceu em um convento em Paris, França, para onde se mudou. Seu estado de saúde era frágil desde complicações de saúde após acidentes vasculares cerebrais e tinha uma miopatia congênita.
A Comissão Pastoral da Terra regional Araguaia-Tocantins lamentou a perda.
“Henri é membro da Comissão Dominicana De Justiça e Paz do Brasil. Mais do que isso: foi um dos seus idealizadores. Entre nós, ele insistia na importância da estratégia e da articulação. Foi, por isso, um construtor de pontes, cujo cimento era a esperança na luta pela Justiça. Nessa tarefa, uniu mundos aparentemente incomunicáveis”, divulgou a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil (CDJP).
O atual presidente da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo do Tocantins (Coetrae), o secretário estadual de Cidadania e Justiça, Glauber de Oliveira, informou, em nota, que Frei Henri sempre será lembrado, neste mundo de desigualdades, como um homem que provou que nunca se deve desistir de lutar por um mundo melhor, sem injustiças.
O coordenador nacional da CPT, frei Xavier Plassat, se deslocou até a França para acompanhar o enterro de frei Henri.
História
Formado em Direito e com um PhD em Direito Comparado, pela Universidade de Cambridge, frei Henri foi ordenado sacerdote em 1963 e se tornou um dos maiores defensores dos direitos dos trabalhadores rurais e camponeses na região de fronteira agrícola da região Amazônica.
Em 1979 estendeu seu trabalho ao norte goiano, especialmente, na região do Bico do Papagaio. Ele se tornou referência no acolhimento de vítimas do combate ao trabalho escravo e na denúncia desse crime à Justiça e ao mundo. Foi um dos principais atores na luta pela Reforma Agrária. (Com: Jornal do Tocantins)