Antes da construção de Palmas e a formação do lago, entre o alto da serra e o rio Tocantins haviam formações de buritizais, espaço de acolhimento natural das araras Canindé. E esse é considerado um dos possíveis motivos das aves dessa espécie estarem escolhendo alguns  troncos  de palmeiras da área urbana para acomodar seus ninhos. De nome científico Ara ararauna também são conhecidas como arara-de-barriga-amarela, arara-amarela, ara-arauna ou simplesmente canindé.

Com sua beleza, a acomodação em pontos de diferentes cidades tem rendido registros encantadores. Mas nessa segunda-feira, 13, a equipe de atendimento e monitoramento da fauna silvestre do Tocantins inicia uma série de entrevistas com especialistas que vão oferecer informações, dados e orientações à população crescente de pessoas apaixonadas por essa espécie e que desejam colaborar com a proteção dessas aves.

São profissionais de diferentes especialidades entre eles, biólogos, médica-veterinária e inspetores de recursos naturais da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e de atuação em campo, que constantemente se comunicam e fazem intercâmbio de conhecimentos a partir de registros, para monitorar a qualidade dos  ecossistemas  frequentados pela fauna silvestre tocantinense.

A respeito da iniciativa, o presidente do Naturatins, Marcelo Falcão Soares, acredita que as orientações da equipe vão potencializar a proteção da espécie e comenta. “A paixão do povo tocantinense por várias espécies de animais silvestres da nossa fauna é evidente e a beleza dos animais encantam os visitantes. A arara Canindé é uma delas e a orientação do procedimento humano correto tem o objetivo  de garantir a tranquilidade das araras e a manutenção  dos seus hábitos naturais, sem intervenção humana, inclusive  protegendo-as de  ações criminosas dos traficantes de animais”, pontuou.

O trabalho de proteção das aves tem buscado avançar para prevenção, pois uma das etapas de reintegração das espécies silvestres na natureza exige um período indeterminado de readaptação. Os animais precisam resgatar suas habilidades de sobrevivência no meio ambiente, como a capacidade de buscar seu próprio alimento e a convivência com indivíduos da sua espécie. Porém, a manutenção de todo esse trabalho tem um custo, que pode ser reduzido com a sensibilização e envolvimento da população.

A médica-veterinária da equipe de Fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, destaca que a  presença das araras Canindé na cidade é marcante . É muito bom poder apreciar todos os dias bandos indo se alimentar na região do lago e voltarem no fim do dia pra dormir na serra”, enfatiza Grasiela, que complementa.

“A intervenção no meio ambiente, com a construção da capital e enchimento do lago é um fato e consequentemente seus impactos. Mas é preferível que as araras sejam admiradas e protegidas pela população; do que capturadas, acorrentadas pelo pezinho, mantidas com asas cortadas ou deixadas em gaiolas”, avalia a médica-veterinária.

Grasiela afirma que “é preciso respeitar e aprender a conviver em harmonia com esses animais, porque mais importante que embelezar a cidade, as araras desenvolvem um serviço ambiental, são dispersoras de sementes, o que nos ajuda a manter o cerrado em pé”, concluiu.

Por outro lado, a inspetora de Recursos Naturais do Naturatins, Angélica Beatriz Corrêa Gonçalves, adverte que “o hábito de oferecer comida aos animais silvestres e nesse caso, às araras, não é recomendado, para que a espécie mantenha sua resistência natural às doenças comuns ao seu ciclo de vida na natureza”. Beatriz alerta que, com a participação dos moradores, esses ninhos em áreas urbanas poderão ser melhor  monitorados pelo Instituto. Mas para evitar que a Canindé se sinta ameaçada e arrisque uma transferência de ninhos,é  ideal que não ocorra a aproximação.

A população pode comunicar a ocorrência de ninhos em áreas urbanas para acionar o setor responsável pela fauna silvestre do Tocantins, por meio do telefone 63 3218-2677 ou via email[email protected].

Arara Canindé

Essa espécie da família Psitacídea , ainda não se encontra na lista de animais silvestres ameaçados. Com a coloração azul predominante no dorso, amarelo na parte inferior e linhas negras na área nua da cabeça, possui olhos pardos e cauda longa. Geralmente vivem em pares ou trios, mesmos quando integra bandos que podem ultrapassar até 30 indivíduos e são comuns em várzeas com palmeiras como de buritizais, babaçu, além da copa de florestas de galeria ou ainda no interior e bordas de florestas altas, onde encontram frutas e sementes silvestres, ideais ao seu equilíbrio alimentar.

 

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