Cansada de esperar por melhorias no Aeroporto Prefeito Renato Moreira, em Imperatriz-MA, a diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) resolveu fazer cobranças aos órgãos do Governo Federal ligados à aviação civil.

O vice-presidente da entidade, José Ribamar Barbosa Belo, enviou ofícios ao diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Pacheco dos Guaranys, e ao secretário de Aviação Civil da Presidência da República, Moreira Franco. Entre os problemas do terminal estão falta de equipamentos e de iluminação de navegação para auxílio a pousos e decolagens em dias de mau tempo, pane elétrica e buracos na pista.

O documento narra uma situação altamente preocupante, que pode até resultar em uma tragédia, caso não seja resolvida. O documento começa apontando a crise aeroportuária na qual o Maranhão está inserido com os aeroportos de São Luís, Marechal Hugo da Cunha Machado, e de Imperatriz, Prefeito Renato Moreira.

“Alguns dirão que as melhorias demandadas por toda a sociedade já chegaram ao aeroporto da capital, mas tenham a certeza de que para os seus usuários ainda vivemos sob pesadas nuvens de frustração e de descrença por não termos percebido, ainda, o tratamento compatível com sua relevância estratégica para o estado”, diz um trecho do documento.

Reformas – Em outro ponto, o documento questiona as reformas feitas no aeroporto de São Luís: “É notório e facilmente provável que a reforma realizada no Aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado deu passos mínimos para nos afastar da realidade em que se encontrava anteriormente. Aproveitamos então para questionar em que etapa se encontra o projeto para a construção do aeroporto que possa ser dignamente classificado como ‘novo aeroporto da capital’ com instalações modernas e ampliadas”.

No caso do aeroporto de Imperatriz, o documento assinado por José Ribamar Belo mostra que os problemas começam pela falta de equipamentos que garantam pousos com segurança em dias de mau tempo.

“Para apertar ainda mais o nó na crise aeroportuária do Maranhão, o problema ganha dimensões gravíssimas quando é de conhecimento público que no tocante ao controle do tráfego aéreo ainda temos aeroportos, como o de Imperatriz, operando sem instrumentos para pousos e decolagens quando a visibilidade é comprometida por chuva ou por queimadas na época da estiagem”, alerta o documento.

Em outro trecho, o ofício detalha ter informações seguras de que os equipamentos de auxílio à navegação aérea instalados no Aeroporto de Imperatriz (VOR e DME) não estão em operação há mais de um ano.

Riscos – O documento, datado do dia 13 de maio de 2014, in forma que ainda acrescentam-se a esse quadro crítico incidentes noticiados pela imprensa como a pane elétrica e consequente falta de iluminação na pista ou falta de caminhão de combate a incêndio, fatores que impossibilitaram pousos e decolagens no aeroporto de Imperatriz.

“Muitos passageiros já sofreram com aeronaves sendo arremetidas no aeroporto de Imperatriz, às vezes mais de uma vez no mesmo voo. Esse fato inconteste é preocupante para todos que precisam utilizar o principal aeroporto da Região Tocantina”, argumenta o autor em outro trecho do documento que reforça a importância do aeroporto para o estado.

O ofício termina com um apelo dramático: “Acreditamos que não é desejo de ninguém em sã consciência chegar a um infeliz acidente por falta de medidas corretivas”.

Explicações – Em ofício enviado ao vice-presidente da Fiema, o secretário de Navegação Aérea Civil, Juliano Alcântara Romam, confirmou que os equipamentos (VOR) que servem para o auxílio da navegação desde o início de 2012 estão com problemas técnicos e sendo objeto de seguidas ações de manutenção por parte da Infraero.

“Contudo, apesar dos esforços o referido equipamento ainda não foi restabelecido e a previsão para tal é dia 31 de agosto deste ano. Ressalto que há planejamento para que o mesmo, futuramente, seja substituído por um equipamento mais moderno [DVOR]”.

Na nota assinada por Juliano Alcântara, consta que o processo de licitação da Infraero para a aquisição do DVOR está sob decisão judicial, o que deverá atrasar sua instalação. No entanto, complementa, a nota, o aeroporto de Imperatriz conta com o auxílio na navegação aérea do tipo NDB, que encontra-se plenamente operacional.

Além dessa nota, O Estado ainda enviou um e-mail à Assessoria da Infraero, em Brasília, solicitando informações sobre a pista e o equipamento para auxilio a navegação aérea. Sobre a pista, a assessoria informou que a Infraero está elaborando um projeto de recapeamento (troca de asfalto) completo da pista de pousos e decolagens do Aeroporto de Imperatriz. Ainda não há uma data definida para a publicação do edital.

Sobre o equipamento, a resposta foi a seguinte: “No Brasil, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo [Decea], órgão da Aeronáutica, é responsável pela definição de aquisição/instalação de equipamentos de auxílio à navegação aérea. Como responsável pela infraestrutura do aeroporto, a Infraero atua como parceira do Decea nos investimentos definidos pelo órgão”.

A reportagem também esteve no aeroporto de Imperatriz na quarta-feira e tentou agendar uma entrevista com Rozineide Pinheiro, gerente do aeroporto, mas esta mandou avisar por um funcionário que toda e qualquer informação sobre o aeroporto terá de partir da assessoria da estatal em Brasília.

Entidades e instituições reivindicam melhorias

Imperatriz – Entidades classistas e instituições estão cobrando da Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a estatal que administra aeroportos no país, melhorias urgentes no Aeroporto Prefeito Renato Moreira, em Imperatriz. Problemas de mau tempo e de infraestrutura vêm provocando atrasos e cancelamentos de voos, situações que prejudicam usuários do transporte aéreo das regiões sudeste e sul do Maranhão.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Imperatriz (ACII), Jairo Almeida dos Santos, definiu a atual situação como muito preocupante para toda a região. Há cerca de um ano, a entidade liderou um movimento que cobrou providências, mas de lá para cá praticamente nada mudou.

“Há um ano, fizemos uma comissão e visitamos a diretora da Infraero em Imperatriz e ela nos disse da impossibilidade de colocar um equipamento para que o avião pudesse pousar por instrumento, porque ficaria muito caro em relação ao número de pousos feitos em Imperatriz”, relembrou o presidente da ACII.

A visita da comissão foi após fechamento do aeroporto por dois dias, para pousos e decolagens, devido a um problema na bomba injetora de um caminhão-tanque do Corpo de Bombeiros.

Dentre os casos mais recentes deste ano está o atraso dos três voos matinais, semana passada, e o fechamento do aeroporto por quase 24 horas no dia 13 deste mês, depois que parte do asfalto da pista se soltou.

“Imperatriz não é mais para passar por um constrangimento desse tipo. Tem de ter pessoas que estejam voltadas à cidade para que possam tomar uma providência”, reagiu o presidente da Associação de Lojistas do Calçadão, Marconi Marques.

Ele observou que muitas vezes as pessoas, em sua maioria empresários, têm reuniões marcadas em São Paulo e em Goiânia, mas desmarcam o compromisso por falta de condições de voo devido o mal tempo.

“Não é só a Associação de Lojistas do Calçadão, mas acredito eu que todos os empresários acham isso. Temos de tomar providências, porque Imperatriz não é mais uma cidade isolada do mundo”, ressaltou Marconi Marques.

Desapontamento – O diretor das Promotorias de Justiça de Imperatriz, Joaquim de Sousa Júnior, também, não escondeu seu desapontamento com o cancelamento ou suspensão de voos no Aeroporto Prefeito Renato Moreira.

“Esse é um fato corriqueiro e comum, que acontece quase que semanalmente. É passageiro com destino a Imperatriz que tem que retornar para São Luís ou ter de ir até Brasília, se for o caso. Já teve gente que foi para Teresina e diversos outros lugares. Eram pessoas que tinham compromisso aqui com horário marcados e etc”, ressaltou o promotor.

Embora as empresas aéreas atribuam esse episódio às condições climáticas, segundo Joaquim Júnior, isso está mais do que previsível devido ao número de vezes em que ocorre.

(Jornal “O Estado do Maranhão”)

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