282ad816aaf4c945b31cc1df942f5bb9“Esse trabalho com a Embrapa está sendo uma coisa muito curiosa pra nós. Porque a Embrapa quer ter os nossos conhecimentos, do que nós temos aqui no geral, nosso dia a dia, e nós estamos curiosos pra saber o que eles têm, tecnologia e tal, pra estar nos auxiliando”: assim se refere Valdemi Lima Gomes, vice presidente da Colônia de Pescadores de Araguacema-TO, a projeto que a Embrapa e parceiros estão começando em municípios banhados pelo Rio Araguaia.

Haverá atividades em 14 municípios do lado tocantinense do rio. Na última semana, pescadores de Couto de Magalhães e de Araguacema puderam relatar aspectos e práticas de seu dia a dia profissional. Falaram, por exemplo, de espécies mais comuns que encontram nos locais de pesca, de apetrechos que usam (como anzol, tarrafa e espinhel) e de questões ligadas a mercado e a venda do pescado.

Foi a primeira de sete viagens programadas. Esta etapa é mais de diagnóstico, de conhecer a realidade das comunidades – além de colônias de pescadores, devem ser visitadas aldeias indígenas da região. “A partir do momento em que a gente conhece qual é o atual patamar tecnológico, é que pode ser feita alguma melhoria. Evidentemente que essa melhoria não é, necessariamente, pescar mais”, explica Adriano Prysthon da Silva, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) e líder do projeto.

Um dos parceiros do projeto é a Cooperativa de Trabalho, Prestação de Serviços, Assistência Técnica e Extensão Rural (Coopter), que desenvolveu trabalhos que geraram acordos de pesca nos dois municípios visitados. De acordo com Onivaldo da Rocha Mendes Filho, técnico da cooperativa, ambos os projetos (de acordos de pesca e de pesca artesanal) “vêm fortalecer essa profissão tão antiga, que aos poucos está se perdendo, mas eu acredito que vem se valorizando cada vez mais com essas iniciativas e com cada vez mais parceiros se aproximando, trazendo capacitações, trazendo novidades, legislações específicas pra trabalhar com o público”.

Outro parceiro é o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins). Quem deve acompanhar os trabalhos mais de perto é a bióloga Cássia Bento Sobreira. Segundo ela, “nós estamos aproveitando a oportunidade desse projeto da Embrapa e demais instituições parceiras pra estar conhecendo a atividade da pesca e também verificar, com esse trabalho, as demandas que podem surgir pra nossa instituição, seja de assistência técnica e extensão rural”.

Situação atual – Pescadores do Araguaia e de áreas próximas, como lagos, relatam mudanças no rio nos últimos tempos. Dona Eva Ribeiro dos Santos é pescadora em Peixelândia, município de Couto de Magalhães. Ela diz que “em 1980, quando eu cheguei pra cá, a gente ia pescar de 7h até 9h da noite, a gente pegava uma quantidade de peixe. Hoje, a gente passa a semana pra pegar aquele tanto que a gente pescava durante essas horas”. Nas palavras de alguém que criou oito filhos com a renda principal tirada da pesca, “diminuiu bastante o peixe”.

Já o senhor Raimundo Lopes Noleto, conhecido como seu Vovô, é pescador em Araguacema e um dos fundadores, em 1992, da colônia de pescadores do município. Antes, havia ajudado a criar outra colônia, esta em Conceição do Araguaia-PA, rio abaixo e do outro lado. Sobre mudanças no rio ao longo do tempo, ele diz que “em todas as espécies (de peixe), a gente já viu a diferença que diminuiu bastante”.

Apesar da queda na quantidade de peixes no Araguaia, a pesca profissional continua sendo uma atividade importante na região visitada pelo projeto. De acordo com Irenovam Lopes dos Santos, presidente da Colônia de Pescadores de Couto de Magalhães, “quando se fala pescador profissional – que o companheiro vai pro rio e pega aí seus 30, 40, 50 kgs de peixe durante a semana –, significa que aquele dinheiro é gastado dentro do próprio mercado”.

Sinal de que, mesmo precisando ser aprimorada, a pesca profissional no lado tocantinense do Rio Araguaia mantém sua importância local. Ao menos nos dois primeiros municípios visitados pelo projeto liderado pela Embrapa e que deve ir até 2018. Para mais informações sobre ele, acesse https://www.embrapa.br/pesca-e-aquicultura/busca-de-projetos/-/projeto/210545/-conhecimento-e-adaptacao-tecnologica-para-o-desenvolvimento-sustentavel-da-pesca-artesanal-no-rio-araguaia-to.

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